sábado, 25 de janeiro de 2014

Vamos dar um rolezinho na nossa mente....



No início de 2014 o "rolezinho" tomou a cena no Brasil. Muitas interpretações surgiram, mas nenhuma negou a existência da segregação social como origem da situação. As que não consideraram tal situação não podem ser levadas a sério, por motivos óbvios.

Um ano de Copa do Mundo, uma festa em que só a elite pode participar ao vivo, em um país com imensas desigualdades, é um terreno fértil para manifestações. As desigualdades caíram drasticamente, mas persistem fortes ainda, e a TV não mostra sua redução.

E a direita, com entusiasmo da "extrema-esquerda", foi eficiente em arregimentar os jovens do país contra o governo que mais reduziu a desigualdade social na história do país, o que em si já é um grande contra-senso.

O exército de "coxinhas" foi para a rua sob batuta da pauta conservadora, defendendo até o que não conhecia, tal como a PEC 37. Ninguém em sã consciência pode imaginar que a negação da PEC 37 seja uma pauta popular, o que deixa muito claro o entrismo do MP no movimento.

A pauta de negar a política é, por definição, despolitizada. Só pode ser. Em debate com Gindre concluímos que as manifestações estão longe de se restringirem a isso, e sua interpretação mais complexa merecerá um post em breve.

O coitado do "passe livre" virou passageiro no "movimento" que desencadeou, e os mais diversos interesses utilizaram seus "porta vozes" para legitimar suas convocações sempre que possível. Os Anonymous foram rebocados também, todos rebuscados, cheios de charmes visuais e digitais, mas representantes da alienação política de uma maneira geral.

Os tais Black Blocs atuaram como "bobos da corte do capital",  virtualmente "destruindo" o capital, mas na prática legitimando o discurso da elite mais conservadora contra qualquer tipo de manifestação. O discurso corporal dos Black Blocs serviram como luva para a delimitação ideológica e para o aprisionamento do "movimento" pela TV e pelos Jornalões. Os Black Blocs são o sonho de consumo que qualquer PM inteligente. Entende?

O aparente paradoxo entre uma  rejeição à copa e a redução da desigualdade social só pode ser explicado pelo fracasso na estratégia de comunicação do PT, óbvia para qualquer observador mediano. 12 (doze) anos de governo, e nenhuma mudança foi feita na comunicação no país, o que facilitou que os indignados úteis, posteriormente amparados pela mídia, convocassem pelas redes sociais os jovens frequentadores das cadeias de fastfood nos shoppings para protestar contra a Política.

A mídia trabalhou com afinco para pregar a pecha de "corrupção" no PT, o maior partido de esquerda do mundo. E teve sucesso parcial por insistência da direita, mas também por insistência da extrema-esquerda sem pauta, e por permissividade da centro-esquerda, que passou 12 (doze) anos obedecendo aos meios de comunicação em relação às políticas públicas (ou à ausência delas) de comunicação.

E surge o rolezinho, que não tem nada a ver com isso tudo, mas ao mesmo tempo tem tudo a ver, porque o PT promoveu a ascensão à classe média sem promover nenhuma, absolutamente nenhuma, modificação na consciência política das massas.

"Promoveu" milhões e milhões de pessoas para a classe média e entregou a consciência destas massas para os valores burgueses e reacionários, prato cheio para as novelas e jornalões.

Agora fica difícil reclamar, pois teve a chance de democratizar a comunicação e não fez. Agora tome reação reacionária, em todos os sentidos, inclusive os redundantes. A falta de visão estratégica resulta nisso, e esta constatação coloca em xeque a idolatria dos ídolos da esquerda que todos cultuam.

Durma-se com este barulho PT. Não democratizou as comunicações, achando que isso não era importante para o projeto estratégico, ou meramente secundário... agora vai ter que adoçar a colheita deste fruto amargo.

Será que vamos aprender?

Mas como o Paulo Bernardo continua muito bem o trabalho do Hélio Costa, parece que o PT continua a cultivar suas próprias sarnas... E reclama de coçá-las, mas as coça!

Enfim, um pouco de verdade pode doer aos companheiros, mas a falta dela dói muito mais... muito mais...

domingo, 5 de janeiro de 2014

Vem pra rua vem... eu sou manipulado, você também...



Neste Natal, o PSDB deseja que durante a Copa as ruas sejam tomadam por alienados indignados. Alguém vai obedecer bovinamente? Para quem protestar é uma questão de vida, de ideologia, de necessidade; este protesta quando quer, quando a demanda se expressa, e não quando a mídia manda ou quando a direita quer.

Quem protesta só quando a câmera aponta, pelo preço da coxinha, contra "tudo que está aí", contra a Política, contra a "corrupção", é o mesmo que se esconde quando os conservadores atacam os direitos humanos, que vota em neonazista, que gasta horrores na balada, que aplaude os paladinos (tipo Demóstenes Torres e Joaquim Barbosa) e que nada diz contra a sonegação, que é 5x maior do que a corrupção (tudo contra a corrupção, que fique claro).

O PSDB quer todo mundo na rua, deseja manipular as massas. E o PSOL acha que está fazendo a revolução promovendo o "entrismo" no Anonymous.Br. Funcionam como força auxiliar dos tucanos e se acham "heróis do movimento popular". E (parte d)o Anonymous.Br se acha justiceiro pacas, mas se coloca a favor dos interesses dos setores mais conservadores da sociedade sem se dar conta. O pior alienado é aquele que nem percebe a quem serve sua ação.

Quem vai pra rua faz política, e tem que saber que faz política. Ir para a rua gritando contra a política é algo como amaldicionar o adultério para seu/sua amante.

Faça política mas não seja usado, não seja ingênuo, não seja massa de manobra. Vá pra rua, mas não quando a câmera aponta, não quando a mídia manda. Você está a serviço dos interesses de quem?

O que foi invertido quando?


A humanidade fracassou
O dilema ético prosperou

A filosofia nada resolveu
É bela, é complexa, é admirável
E a mulher sofre ainda mais que o homem

Tudo já foi pensado, pouco foi absorvido
Os nossos se comportam como outros, como estranhos

Os mais refinados recados os Deuses já enviaram
Mas nenhum evitou as mazelas cotidianas
Não resolveram os problemas das pessoas
Não evitam o sofrimento de cada dia

Os conhecimentos e os recursos são meros caminhos
Que conduzem à mesquinhez e à exploração

O futuro é adivinhação, ficção, desejo pessoal
Nunca um legado de pensamentos e ações
As gerações futuras simplesmente não são

Machismo, preconceito, pobreza, violência...
Abundância de idiotice, fartura de ódio

3 Vivas à tecnologia

Viva ao jovem
Viva à moda
Viva à novidade

Morte à tradição
Morte à prudência
Morte à sabedoria

Quem inverteu o quê?
Quando?

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Eu odeio política. Eu te odeio. Eu me odeio.


Preparem-se para a pior campanha política da história do Brasil. O nível será baixíssimo, e esta é uma tática que favorece aos conservadores.

Não interessa a argumentação, confronto de dados ou o debate de ideias. Interessa a agressão, a despolitização e a baixaria generalizada.

Interessa à direita que as pessoas odeiem cada vez mais a política, que tenham nojo, que sintam repulsa, pois assim estarão odiando "toda essa bandalheira que está aí", e sentirão impulso de "mudar tudo". É óbvio que esse tipo de pensamento interessa à direita, que está fora do poder.

Quem odeia a política odeia a si mesmo, porque o preço do feijão depende da política. Já que a política é inevitável, que a decisão política seja partilhada por todos, isso é a tal Democracia.

Se você se pegar odiando, sentindo repulsa ou nojo da política, pare e pense, pois você está sendo manipulado. Sua indignação está sendo manipulada, e seu ódio está sendo usado para abastecer os cofres políticos da elite.

Então veja bem, analise e decida-se por aqueles que não tem ódio nas palavras. Os que usam o ódio querem que vc odeie junto com eles, e que o do ódio se construa uma nova ordem.

Isso pode acabar bem?

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