As pessoas se orgulham
de cultivar o ódio aos partidos políticos no Brasil. Sem saber
odeiam a própria democracia, que só é possível através dos
partidos políticos. A política reflete a maturidade de uma nação,
e nada mais imaturo do que praguejar e não fazer
nada para mudar.
Muitos pensam que estão
fazendo algo quando amaldiçoam os partidos, mas estão apenas
participando ativamente da engrenagem da alienação: estimulando o
imobilismo, aumentando a crença de que todos são iguais, nada tem
jeito e nunca vai mudar. Trabalham efetivamente para as forças
sociais conservadoras, mas se consideram heróis da resistência
ética e moral.
Os que concordam com o
regime político atual – democracia - e se sentem impelidos a
participar, devem se posicionar ante aos partidos: ou concordam com
algum, ou tentam transformar outro ou criam um novo. Pregar contra
todos é cômodo e oportunista. Salvo aqueles que discordam da
democracia em si.
Mas o pior sintoma
deste quadro político é a presença do ódio como discurso. Ele
parece ser elemento fundamental da política nacional: nas eleições
o povo sempre é estimulado a odiar alguém ou algum grupo. Será que
um bom futuro pode ser construído com base no discurso de ódio, em
xingamentos públicos, em ofensas destrutivas?
Esta é a prática
política atual, é o retrato do povo Brasileiro. Incômodo retrato,
que só os outros aparecem. São sempre os outros que odeiam.
A má qualidade dos
nossos políticos só reflete o desalinho do nosso tecido social. E a
chave da transformação não pode ser o ódio. Aliás, o amor é
muito mais gostoso...