domingo, 28 de setembro de 2014

SP: "Non Ducor Duco" Caducou




São Paulo tem em seu Brasão o Lema "Non Ducor Duco", que significa "Não sou conduzido, conduzo". A Capital representa toda pujança do estado mais rico, mais industrializado e mais populoso da nação.

Em 1990 o estado de SP respondia por 37% do PIB, e hoje responde por 31%. Está perdendo espaço. Apesar de ser o estado mais rico tem educação ruim, paga mal sua polícia, criou o PCC, sofre com falta d'água, com o flagelo do Crack tem esgoto a céu aberto e incrível concentração de renda.

SP com suas macro-urbanizações caóticas detém a maior concentração nacional do fenômeno de periferia, e sua perversa associação ao crime. Associação midiática, racista, que se associa à matança de jovens negros, vítimas do preconceito e da segregação social. A violência policial e a ausência do Estado acabam de compor um cenário explosivo para a violência urbana.

O Governo tucano de SP patina na solução do problema de mobilidade urbana nas regiões metropolitanas ao mesmo tempo que tem 56% do seu financiamento de campanha oriundo da corrupção no Metrô e na CPTM.

O povo paulista convive com o crime, a poluição, a corrupção, falta de saúde, de educação e até falta d'água, mas mantém a empáfia e de que é o estado condutor da nação.

Conduzindo pra onde?

O Governo tucano de São Paulo está na contramão da história e não se dá conta de sua solidão nacional, só quebrada pela solidariedade do DF, outra ilha sob influência da elite de grosso calibre. SP é disparado o estado mais reacionário da nação, de pensamento mais atrasado e mais conservador.

O pensamento político vigente no estado: os outros são os outros. Terra fértil para o mando do PSDB, por isso Dilma está atrás nas pesquisas somente aqui e no DF. Como diria Celso Furtado, a elite do Brasil é predatória. O povo não, mas a elite paulista é predatória do resto do país, é parasitária do sub desenvolvimento alheio, se aproveita economicamente da falta de estrutura dos outros estados.

O mais duro é ver parte do povo seguir esta elite tresloucada, que se estivesse solta no controle da nação nos levaria para o abismo em troca de brioches e espumantes no café da manhã.

O povo paulista é refém de uma esquema cíclico de aprisionamento político, pois o Governo do Estado não cumpre seu papel, deixa a cargo dos municípios a manutenção das políticas públicas, o pagamento dos encargos e custeios dos seus programas, e devolve os mesmos recursos, apropriados indiretamente, como miçangas eleitorais. Cada vez o Município se enfraquece mais e vira prisioneiro político do Estado.

O Paulista precisa superar essa sua Síndrome de Estocolmo e se desvencilhar emocionalmente do seu sequestrador. Chega de Alckmin, chega de dinastia tucana em SP.

Padilha é preparado, ágil e moderno e é, de longe, o melhor candidato para o Governo de São Paulo. Implantou o Mais Médicos em tempo recorde, e sob o seu comando o SUS se estruturou em um patamar superior de organização em gestão de recursos. Foi o articulador político de Lula no segundo mandato. 

Quem conhece sabe que ele trabalha duro, não tem hora, não tem local. Seus assessores precisam se revesar para acompanhar seu ritmo, e isso não é lenda, é verdade. Quem teve o mínimo de convívio com o Padilha sabe o quanto isso é verdade. O homem é um trator para trabalhar e, além de tudo, é genial. É uma pessoa arguta, com uma liderança rara e dono de um raciocínio de rapidez e precisão insuperáveis. Não é a toa que conquistou a admiração e a confiança do Lula

O Estado de SP precisa de uma mudança de verdade em seu caminho, pois o que está sendo percorrido não é digno de ser seguido pelo resto do país. Esta situação deslegitima SP como condutor da nave, posto do qual sempre pode ser apeado a qualquer momento.

O pensamento paulista está envelhecido, está caduco. O lema deixou de ser seguido. "Non Ducor Duco" não representa mais o povo de São Paulo.


A Política Maldita



Falar mal da política virou diversão nacional.

Há muito tempo que maldizer e zombar dos poderosos é uma forma de vingança social em situações de desigualdade social e opressão. Quando o popular ironiza o padre, o policial, colonizador, o nobre, o juiz, é como se invertesse o jogo da opressão, punindo com o humor aquele que oprime no dia a dia. A comédia é uma válvula de escape para a pressão social que ajuda a equilibrar conflitos. Zombar do político também é uma forma de inverter simbolicamente o jogo.

Entretanto, para muito além do esculacho popular, a negação da política está assumindo feições de ódio nas vozes da classe média alta e da elite. O mais forte discurso de criminalização da política hoje vem dos setores mais conservadores da sociedade e representam seus interesses.

Talvez seja uma manifestação de descontentamento da elite, com a contestação do status quo, com milhões e milhões deixando a pobreza e "ocupando" espaços antes exclusivos dos ricos. É insuportável para alguns ver pobres nos aeroportos. O Status Quo tradicional foi abalado nos governos Lula e Dilma.

É justamente golpear ou manter o status quo é o que diferencia a esquerda da direita. Algum tempo atrás entrou em moda dizer que não existia mais esquerda e direita. Essa moda passou. Hoje o que está em pauta no Brasil é a legitimidade da representação da esquerda e da direita. Quem é quem, é isso que importa no debate atual.

A direita no Brasil sempre teve grande adesão comportamental, mas pouca sustentação teórica e sofre com ausência de um consistente projeto político de longo prazo. Não temos grandes intelectuais de direita no Brasil, apenas diversos panfletários eruditos.

A combinação de platéia com a falta de discurso deixou uma grande parcela dos conservadores politicamente órfãos, o que forçou um deslocamento à direita da social democracia no Brasil, e seus antigos representantes a afinarem o seu discurso com o diapasão reacionário, reforçando as únicas bandeiras reacionárias de caráter geral: privatização, estado mínimo, isenção de impostos para o capital, enfim, neoliberalismo.

Este mesmo vácuo de poder à direita sugou o PT para o centro do espectro político, se transformando-o em um partido de centro-esquerda. E foi o PT que cumpriu no Brasil o programa da social democracia: o estado de bem estar social, que não representa o estado mínimo, muito pelo contrário, requer um estado forte para promover bem estar social à população.

Nesta busca por justiça social, o PT se manteve firme ao primeiro ideal da esquerda: alterar status quo; incluiu 34 milhões de pessoas na classe média e mudou a cara do Brasil. Temos que admitir que não cumpriu um centímetro do caminho rumo ao socialismo, mas bagunçou bem o tabuleiro dos grandes interesses.

No entanto esta transformação social promovida pelo PT gerou profundo incômodo na elite, e hoje se avizinha um cenário de luta de classes sendo delineado, para incredulidade de muitos ex-esquerdistas e ultra-esquerdistas.

A direita tem todas as armas: bancos, indústrias, comércios, jornais, tvs, igrejas, partidos, sindicatos patronais, sociedades "secretas", etc. A esquerda só tem a si mesmo, seus movimentos sociais, sindicatos e partidos.

Logo, se criminalizarem a política, se desmoralizarem ao máximo o Fazer Política, transformando-o em um ato vergonhoso, vencerão. Com a criminalização da política a direita perde um pouco, mas a esquerda perde quase tudo.

Este é o jogo que está posto. É jogar ou ser jogado.

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