segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Nos bastidores, o lobby pelo pré-sal

Posted on 13/12/2010 by Natalia Viana - http://cartacapitalwikileaks.wordpress.com/

“A indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal?”. Este é o título de um extenso telegrama enviado pelo consulado americano no Rio de Janeiro a Washington em 2 de dezembro do ano passado.

Como ele, outros cinco telegramas a serem publicados hoje pelo WikiLeaks mostram como a missão americana no Brasil tem acompanhado desde os primeiros rumores até a elaboração das regras para a exploração do pré-sal – e como fazem lobby pelos interesses das petroleiras.

Os documento revelam a insatisfação das pretroleiras com a lei de exploração aprovada pelo Congresso – em especial, com o fato de que a Petrobras será a única operadora – e como elas atuaram fortemente no Senado para mudar a lei.

“Eles são os profissionais e nós somos os amadores”, teria afirmado Patrícia Padral, diretora da americana Chevron no Brasil, sobre a lei proposta pelo governo . Segundo ela, o tucano José Serra teria prometido mudar as regras se fosse eleito presidente.

Partilha

Pouco depois das primeiras propostas para a regulação do pré-sal, o consulado do Rio de Janeiro enviou um telegrama confidencial reunindo as impressões de executivos das petroleiras.

O telegrama de  27 de agosto de 2009 mostra que a exclusividade da Petrobras na exploração é vista como um “anátema” pela indústria.

É que, para o pré-sal, o governo brasileiro mudou o sistema de exploração. As exploradoras não terão, como em outros locais, a concessão dos campos de petróleo, sendo “donas” do petróleo por um deteminado tempo. No pré-sal elas terão que seguir um modelo de partilha, entregando pelo menos 30% à União. Além disso, a Petrobras será a operadora exclusiva.

Para a diretora de relações internacionais da Exxon Mobile, Carla Lacerda, a Petrobras terá todo controle sobre  a compra  de equipamentos, tecnologia e a contratação de pessoal, o que poderia prejudicar os fornecedores americanos.

A diretora de relações governamentais da Chevron, Patrícia Padral, vai mais longe, acusando o governo de fazer uso “político” do modelo.

Outra decisão bastante criticada é a criação da estatal PetroSal para administrar as novas reservas.

Fernando José Cunha, diretor-geral da Petrobras para África, Ásia, e Eurásia,  chega a dizer ao representante econômico do consulado que a nova empresa iria acabar minando recursos da Petrobrás. O único fim, para ele, seria político: “O PMDB precisa da sua própria empresa”.

Mesmo com tanta reclamação, o telegrama deixa claro que as empresas americanas querem ficar no Brasil para explorar o pré-sal.

Para a Exxon Mobile, o mercado brasileiro é atraente em especial considerando o acesso cada vez mais limitado às reservas no mundo todo.

“As regras sempre podem mudar depois”, teria afirmado Patrícia Padral, da Chevron.

Combatendo a lei

Essa mesma a postura teria sido transmitida pelo pré-candidtao do PSDB a presidência José Serra, segundo outro telegrama enviado a Washington em 2 de dezembro de 2009.

O telegrama intitulado “A indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal?” detalha a estratégia de lobby adotada pela indústria no Congresso.

Uma das maiores preocupações dos americanos era que o modelo favorecesse a competição chinesa, já que a empresa estatal da China, poderia oferecer mais lucros ao governo brasileiro.

Patrícia Padral teria reclamado da apatia da oposição: “O PSDB não apareceu neste debate”.

Segundo ela, José Serra se opunha à lei, mas não demonstrava “senso de urgência”. “Deixa esses caras (do PT) fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”, teria dito o pré-candidato.

O jeito, segundo Padral, era se resignar. “Eles são os profissionais e nós somos os amadores”, teria dito sobre o assessor da presidência Marco Aurelio Garcia e o secretário de comunicação Franklin Martins, grandes articuladores da legislação.

“Com a indústria resignada com a aprovação da lei na Câmara dos Deputados, a estratégia agora é recrutar novos parceiros para trabalhar no Senado, buscando aprovar emendas essenciais na lei, assim como empurrar a decisão para depois das eleições de outubro”, conclui o telegrama do consulado.

Entre os parceiros, o OGX, do empresário Eike Batista, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e a Confederação Naiconal das Indústrias (CNI).

“Lacerda, da Exxon, disse que a indústria planeja fazer um ‘marcação cerrada’ no Senado, mas, em todos os casos, a Exxon também iria trabalhar por conta própria para fazer lobby”.

Já a Chevron afirmou que o futuro embaixador, Thomas Shannon, poderia ter grande influência nesse debate – e pressionou pela confirmação do seu nome no Congresso americano.

“As empresas vão ter que ser cuidadosas”, conclui o documento. “Diversos contatos no Congresso (brasileiro) avaliam que, ao falar mais abertamente sobre o assunto, as empresas de petróleo estrangeiras correm o risco de galvanizar o sentimento nacionalista sobre o tema e prejudicar a sua causa”.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Dia 10 de Dezembro - Dia Mundial dos Direitos Humanos - Participe!

O Dia 10 de dezembro é o Dia Mundial dos Direitos Humanos. Para não passar desapercebido sugerimos um twitaço amanhã por volta do meio dia.  Ainda que sugerido pelo Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia das Nações Unidas no Brasil, esta iniciativa deve ser entendida como uma ação da sociedade brasileira que se compromete com os valores e princípios dos direitos humanos universais.

Participe e ajude a divulgar. Listamos abaixo algumas sugestões de twittes, envia a sua sugestão!!!


Hashtag: #DireitosHumanos

DIREITOS HUMANOS
Sou brasileiro e comemoro o Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Sou brasileira e comemoro o Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Sou mulher e comemoro o Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Sou homem e comemoro o Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Sou negra e comemoro o Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Sou negro e comemoro o Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Sou índia e comemoro o Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Sou índio e comemoro o Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2

GÊNERO, RAÇA E ETNIA
Sou contra o racismo e comemoro o Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Sou contra o preconceito e comemoro o Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Sou a favor da igualdade de gênero, raça e etnia e comemoro o Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras do Estado. Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica. Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
A vontade do povo será a base da autoridade do governo. Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2
Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão da mesma proteção social. Dia Mundial dos #DireitosHumanos http://bit.ly/dO6bR2

Outras Línguas:

Inglês
All human beings are born free and equal in dignity and rights. Dia Mundial dos #DireitosHumanos – http://bit.ly/eZ29nK

Francês
Tous les êtres humains naissent libres et égaux en dignité et en droits. Déclaration universelle des droits de l’homme. Dia Mundial dos #DireitosHumanos – http://bit.ly/eZ29nK

Español
Todos los seres humanos nacen libres e iguales en dignidad y derechos. Dia Mundial dos #DireitosHumanos – http://bit.ly/gnukVf

Russo
Все люди рождаются свободными и равными в своем достоинстве и правах. Dia Mundial dos #DireitosHumanos – http://bit.ly/eZ29nK

Swahili/Kiswahili
Watu wote wamezaliwa huru, hadhi na haki zao ni sawa. Dia Mundial dos #DireitosHumanos – http://bit.ly/eZ29nK

Esperanto
Ĉiuj homoj estas denaske liberaj kaj egalaj laŭ digno kaj rajtoj. Dia Mundial dos #DireitosHumanos – http://bit.ly/eZ29nK

Chinese
人 人 生 而 自 由, 在 尊 严 和 权 利 上 一 律 平 等。 他 们 赋 有 理 性 和 良 心, 并 应 以 兄 弟 关 系 的 精 神 相 对 待。Dia Mundial dos #DireitosHumanos
- http://bit.ly/eZ29nK

Guarani
Mayma yvypóra ou ko yvy ári iñapytl’yre ha eteîcha dignidad ha derecho jeguerekópe. Dia Mundial dos #DireitosHumanos – http://bit.ly/gnukVf

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Guerra ao tráfico? Será que não se aprendeu nada com a Lei Seca

O tráfico de drogas só é tão lucrativo porque é proibido e criminalizado. Chega de hipocrisia, é necessário legalizar e tratar o assunto como questão de educação e saúde pública.

Em toda história da humanidade os entorpecentes sempre foram utilizados, em todas as culturas em todas as épocas. O surgimento de drogas destrutivas como o crack está diretamente relacionado ao lucro que proporcionam. Os traficantes se armam porque obtém grandes lucros, e a gigantesca margem de lucro só é possível pela criminalização.

Legalizar é a única via, pois todas as outras fracassaram. Os recursos que deixariam de ser gastos com a repressão e os impostos oriundos da comercialização seriam suficientes para empreender uma grande campanha de educação e saúde pública para evitar que o consumo de entorpecentes seja destrutivo para o tecido social.

Chega de hipocrisia: todos os brasileiros tem algum familiar, parente ou conhecido que é usuário de entorpecentes ilícitos, enquanto o álcool e o tabaco continua tirando milhares de vidas e destruindo famílias e continuam financiando o mundo do entretenimento com seus anúncios milhonários.

A Lei Seca nos EUA já mostrou ao mundo a quase um século que a criminalização de entorpecentes é um fracasso, e parece que não aprendemos nada. A atual situação da Colombia, México e Brasil mostra que a "guerra ao tráfico" não tem fim, pois está fadada ao eterno fracasso.

domingo, 31 de outubro de 2010

48 Horas de Democracia - http://48hdemocracia.com.br - #48hvotobr


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Invasão de email de pessoas ligadas à coordenação de campanha de Dilma

Abaixo está a captura de tela da invasão da conta de e-mail de uma pessoa estratégica ligada à coordenação de campanha de Dilma. A invasão aconteceu a partir dos EUA, e é provável que seja fruto de espionagem.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Os segredos internacionais por trás da “Revolução do Ódio” no Brasil - Mauro Carrara

Notem neste artigo o nível de ingenuidade dos Brasileiros, que não conseguem fazer uma  leitura correta dos interesses estratégicos internacionais em jogo.  É triste constatar que uma expressiva parte dos brasileiros se dispõe a votar em José Serra sem se dar conta que está sendo joguete do submundo dos interesses internacionais. 
As entidades estrangeiras de mobilização conservadora estão plantando a pólvora do o ódio entre os brasileiros para sabotar nossa democracia, para nos manter infantilizados, como se fôssemos meros torcedores de gangues rivais, destilando preconceito uns contra os outros.
Depois distribuem fósforos e aguardam.
Os segredos internacionais por trás da “Revolução do Ódio” no Brasil
Por Mauro Carrara
O PSDB, o partido neoliberal de José Chirico Serra e Fernando Henrique Cardoso, montou ainda em outubro de 2009 um eficiente sistema capaz de disparar diariamente mais de 152 milhões de e-mails para brasileiros de todas as regiões.

Esse sistema é preferencialmente utilizado para disseminar peças de calúnia e difamação contra Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e qualquer figura pública que ouse tomar partido do projeto da esquerda no Brasil. Funcionando também nas redes sociais, essa é uma das principais frentes da "Revolução do Ódio" em curso no país.
Até o primeiro turno da eleição presidencial, havia mais de 650 militantes, quase todos bem remunerados, para difundir material venenoso contra o governo federal. Neste segundo turno, essa super tropa de terrorismo virtual, recrutada por Eduardo Graeff, conta com mais de 1.000 militantes.

Esse, no entanto, é apenas um braço do movimento de golpismo midiático financiado por entidades ultra-conservadoras, sobretudo norte-americanas, empenhadas em desestabilizar movimentos de esquerda pelo mundo e assumir o controle das fontes de riqueza nos países emergentes.

O enigma das “revoluções coloridas”
Há 15 anos, a Internet vem sendo utilizada como ferramenta de sabotagem por esses grupos. Dentre eles, destacam-se o poderoso National Endowment for Democracy (NED), a United States Agency for International Development (USAID) e inúmeras entidades parceiras, como a Fundação Soros.

O NED, por exemplo, financia várias organizações-satélite, como o World Movement for Democracy, o International Fórum for Democratic Studies e o Reagan-Fascell Fellowship Program, que atuam direta ou indiretamente em todos os continentes.

Grupos ligados ao NED, por exemplo, tiveram comprovada atuação nos episódios políticos que desestabilizaram a coalizão de centro-esquerda na Itália, em 2007 e 2008. Acabaram derrubando o primeiro-ministro Romano Prodi e, em seguida, reconduziram ao poder o magnata Silvio Berlusconi.

A ação envolveu treinamento de jornalistas, divulgação massiva de boatos na Internet, dirigidos sobretudo aos jovens, e distribuição seletiva de caríssimos “estímulos” a senadores de centro.

Mas, afinal, o que é o NED?
Criada em 1983, por iniciativa do presidente estadunidense Ronald Reagan, trata-se oficialmente de uma entidade privada, mas abastecida de forma majoritária por fundos públicos.

Ainda que seus dirigentes a qualifiquem como um centro de incentivo à democracia, trabalha sempre no apoio a movimentos de direita, com forte ênfase no liberalismo, no individualismo, no privatismo e no pressuposto de que os interesses do mercado devem prevalecer sobre os interesses sociais.

Segundo o conceituado escritor e ativista norte-americano Bill Berkowitz, do movimento Working for Change, o objetivo do NED tem sido “desestabilizar movimentos progressistas pelo mundo, principalmente aqueles de viés socialista ou socialista democrático”.

O NED e suas entidades parceiras figuram na origem das chamadas “Revoluções Coloridas” que se espalharam pelo mundo nesta década.

A primeira operação virtual-midiática de grandes proporções foi a chamada Revolução Bulldozer, em 2000, no que ainda restava da Iugoslávia.

O nome do movimento se deve ao ato violento de um certo “Joe” (na verdade, Ljubisav Dokic) que atacou uma emissora de rádio e TV com uma escavadeira. Logo, foi transformado num emblema da sedição.

Na época, especialistas em mobilização de entidades financiadas pelo NED concederam apoio técnico e treinamento intensivo aos membros do Otpor, grupo estudantil se tornaria fundamental na campanha de desestabilização do governo central.

Talvez o melhor exemplo desse trabalho de corrosão política tenha ocorrido em 2003, na Geórgia, na chamada Revolução das Rosas, que culminou com a derrubada do presidente Eduard Shevardnadze.

Novamente, havia uma organização juvenil envolvida na disseminação de boatos, denúncias e incitações, a Kmara (Basta!), além de várias ONGs multinacionais como o Liberty Institute.
A Revolução das Rosas não teria ocorrido sem o apoio das associações ligadas ao bilionário húngaro-americano George Soros. A Foundation for the Defense of Democracies, instituto neoconservador com sede em Washington D.C., revelou que Soros investiu cerca de US$ 42 milhões nas operações para derrubar Shevardnadze.

O roteiro se repetiu em vários outros movimentos, como a Revolução Laranja, na Ucrânia, em 2004, e a Revolução das Tulipas, no Quirguistão, no ano seguinte.

Levantes dessa natureza ainda têm sido estimulados por esses grupos e seus agentes, que visitam os países-alvo em épocas de crise ou durante processos eleitorais.

Observadores internacionais estimam, por exemplo, que NED e USAID investiram US$ 50 milhões anuais no suporte às entidades que desestabilizaram e derrubaram o governo de Manuel Zelaya, em Honduras.

Nem sempre, porém, as “revoluções“ patrocinadas por essas entidades são coroadas de pleno êxito. É o caso da chamada “Revolução Twitter”, ocorrida na Moldávia, em 2009, e das frequentes operações de terrorismo midiático e virtual desenvolvidas pela oposição venezuelana.

Em todos esses episódios, há um procedimento estratégico que vem sendo seguido pelos grupos de sabotagem. Podemos sintetizá-lo em dez mandamentos operativos:

  1. Difunda o ódio. Ele é mais rápido que o amor.
  2. Comece pela juventude. Ela esta multiconectada e pode ser mais facilmente mobilizada para destruir do que para construir.
  3. Perceba que destruir é “divertido”, ao passo que “construir” pode ser cansativo e chato.
  4. A veracidade do conteúdo é menos relevante do que o potencial impacto de uma mensagem construída a partir da aparência ou do senso comum.
  5. Trabalhe em sintonia com a mídia tradicional, mas simule distanciamento dos partidos tradicionais.
  6. Utilize âncoras “morais” para as campanhas. Criminalize diariamente o adversário. Faça-o com vigor e intensidade, de forma a reduzir as chances de defesa.
  7. Gere vítimas do oponente. Questões como carga tributária, tráfico de drogas e violência urbana servem para mobilizar e indignar a classe média.
  8. Eleja sempre um vilão-referência em cada atividade. Cole nele todos os vícios e defeitos morais possíveis.
  9. Utilize referências sensoriais para a campanha. Escolha uma cor ou um objeto que sirva de convergência sígnica para a operação.
  10. Trabalhe ativamente para incompatibilizar o político-alvo com os grupos religiosos locais.

Várias dessas agências internacionais de desestabilização enviaram emissários ao Brasil, especialmente a partir do ano passado.

A ação-teste no Brasil foi desencadeada por meio do movimento “Fora Sarney”, organizado pelo movimento denominado “Rir para Não Chorar”, ou simplesmente RPNC.

Os "indignados moralistas" de direita escolheram o político maranhense como alvo, mesmo depois de tolerá-lo durante 45 anos em instâncias decisórias do país.

O líder da vez era um certo Sérgio Morisson, que se dizia consultor de ONGs e “fashionista”. Na época, vivia na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), atuando no Comitê de Jovens Executivos.

Na verdade, Sarney serviu apenas como um pretexto de ensaio golpista. O objetivo do grupo era canalizar o ódio da jovem classe média contra o governo Lula.

Distribuíram 50 mil narizes de palhaço, seguindo disciplinadamente a cartilha de simbologia dos movimentos patrocinados pelo NED.

Na verdade, muitos dos “palhacentos” já tinham atuado em outro levante do tipo, o famigerado “Cansei”, que dois anos antes tentara se aproveitar do acidente com o avião da TAM para fomentar uma revolta popular contra o governo federal.

Na presente eleição presidencial brasileira, todo o receituário estratégico e simbólico das revoluções coloridas foi empregado no fortalecimento da candidatura da ex-petista Marina Silva.

A chamada “onda verde”, que impediu a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno, foi vigorosamente apoiada por expressivos setores da direita brasileira, inclusive com suporte mal disfarçado de parte da militância oficial do PSDB.

A direita estrangeira e o golpe em curso no Brasil
A principal entidade articuladora da “Revolução do Ódio” no Brasil é o Instituto Millenium (IM), que dispensa apresentações ao leitor da blogosfera.

O IM tem uma fixação especial por Ayn Rand, uma escritora, roteirista e pseudo-filósofa russa que viveu a maior parte da vida nos Estados Unidos.

Rand defendia fanaticamente o uso de uma suposta razão objetiva, o individualismo, o egoísmo e o capitalismo. Segundo a base de sua “filosofia”, o homem deve viver por amor a si próprio, sem se sacrificar pelos demais e sem deles esperar qualquer solidariedade.

Para os seguidores de Rand, o espírito altruísta cooperativo é visto como fraqueza e como destruidor da energia humana empreendedora.

Rezam pela cartilha de Rand, por exemplo, o articulista de Veja Reinaldo Azevedo e o economista Rodrigo Constantino, membro do Conselho de Fundadores e Curadores do IM, autor de livros barra-pesada como “Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT” e “Egoísmo Racional – o Individualismo de Ayn Rand”.

O conselho editorial do instituto é liderado por Eurípedes Alcântara, diretor da revista Veja, tão conhecido pela barriguda matéria do Boimate (o anúncio da fusão genética do boi com o tomate) quanto por sua devoção fanática pelos Estados Unidos e pelo neoliberalismo radical.
Participante ativo de programas de entidades financiadas pelo NED, Alcântara frequenta simpósios e atividades de treinamento destinadas a impor na América Latina o pensamento da direita corporativa norte-americana.

A Internet ainda exibe uma conversa tão estranha quando reveladora entre o executivo da Editora Abril e Donald “Tamiflu” Rumsfeld, ex-secretário do Departamento de Defesa dos EUA. Segue aqui uma fala entusiasmada do entrevistador.

QUESTION (Alcântara): Yeah, that would be my pleasure. I have been watching close your role in the United States and I must say that I admire you. You are so firm since the beginning. When they said they were going there for the oil and then they said you were going there for your own interests, and then, well, we see democracy spreading throughout the Arab world. This is not a small thing, right?

As relações entre o Millenium e entidades estrangeiras seguem diversas rotas de financiamentos e apadrinhamentos, mas um pouco dessa complexa malha de articulações pode ser visualizada aqui:

Hoje, os apoiadores estrangeiros do Instituto Millenium e dos partidos da direita brasileira têm um olho ansioso na eleição e outro faminto na compensação exigida. O principal balconista desse negócio é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que recentemente, em Foz do Iguaçu (PR), tentou acalmar sua inquieta freguesia.

Caso José Serra vença o pleito em 31 de Outubro, o pagamento prometido está garantido: a entrega do Banco do Brasil, da Petrobrás e de Itaipu aos patrocinadores da “Revolução do Ódio”. Mais estarrecedor que esse acordo é o silêncio até agora das forças progressistas.

O que falta para se revelar esse segredo ao povo brasileiro?

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domingo, 24 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Eleições no Brasil e a Comunidade de Inteligência dos EUA - Nikandrov Nil

Tradução livre, baseada no google, do artigo de Nikandrov Nil publicado originalmente no site http://www.strategic-culture.org

De fato não conheço a fonte, mas pelo que pesquisei é um portal de congrega comentaristas internacionais de assuntos de inteligência e contra-inteligência, antigamente conhecido como espionagem e contra-espionagem.

Revela sérias possibilidades de relações entre a CIA e a candidatura José Serra, com sua posição submissa ao império. Isso diz muito sobre os métodos utilizados nesta campanha, que são extremamente semelhantes aos  utilizados pela CIA no Irã e no Panamá. E a possibilidade coteja com esta matéria publicada no Escrivinhador.

O preconceito do brasileiro está sendo utilizado contra o próprio povo, para sufocar nossa possibilidade de soberania, autonomia e liberdade. O Brasileiro Coletivo deve acordar, antes que seja tarde.

Eleições no Brasil e a  Comunidade de Inteligência dos EUA

TOP STORY | NIKANDROV Nil | 2010/07/10 | 20:14

Pareceu-me suspeito que recentemente Washington tenda a denegrir sem restrições as democracias "imaturas" da América Latina e Caribe, e feito sérios esforços para demonstrar respeito pelo Brasil. A administração G. Bush enquadrada como "imaturos" os estados latino-americanos com regimes populistas e, em geral, todos os países que mostram um acto de desafio ao defender seus interesses nacionais, sob a pressão dos EUA. O Brasil nunca renunciou ao seu direito à soberania e à posição de independência na política internacional ao longo dos oito anos da presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, e era amplamente esperado que a administração G. Bush acabaria por perder a paciência e tentar domar o Líder brasileiro. Nada disso aconteceu, embora evidentemente porque os EUA se sentiu sobrecarregado demais com problemas com a Venezuela para ficar atrelado a um conflito adicional na América Latina.

Falando aos diplomatas e agentes de inteligência na Embaixada dos EUA no Brasil em março de 2010, A Secretária de Estado dos EUA, H. Clinton, enfatizou: "na administração Obama, estamos tentando aprofundar e alargar as nossas relações com um certo número de países estratégicos e o Brasil está no topo da lista. Este é um país que realmente importa. E é um país que está tentando seriamente cumprir a promessa ao seu povo de um futuro melhor. E assim, juntos, os Estados Unidos eo Brasil devem que liderar o caminho para os povos deste hemisfério."

Vale ressaltar que H. Clinton credita ao Brasil nada menos do que o direito de mostrar o caminho para outras nações, embora de mãos dadas com Washington. Para esta última, a forma é a de suprimir as iniciativas socialistas em todo o continente, de se abster de juntar projetos de integração regional a menos que sejam patrocinados por os EUA, a opor-se aos esforços populistas que visam a formação de um bloco latino-americanos de defesa, e impedir a escalada da expansão económica chinesa.

Os EUA nomeou o ex-chefe do Departamento de Estado de Assuntos do Hemisfério Ocidental, um passaporte diplomático pesado, um reputado falcão Thomas A. Shannon como novo embaixador para o Brasil às vésperas das eleições no país. Ele se esforçou para convencer o presidente do Brasil para alinhar o país com os EUA e adotar políticas internacionais menos independentes. Washington ofereceu vantagens Brasil como maior cooperação na produção de combustíveis renováveis, consentiram em que estabelecesse uma divisão da Boeing no país, e assinou uma série de acordos com as indústrias de defesa brasileira, incluindo a comissão de 200 aviões Tucano para a Força Aérea dos EUA.

O presidente Lula não foi pego. Ele teimosamente manteve a parceria com a H. Chavez e Morales J., mostrou-se em Havana e Teerã, condenou o golpe pró-EUA em Honduras, e até mesmo se comprometeu a desenvolver um sector da energia nuclear nacional. Ele propôs Dilma Rousseff - espera-se uma candidata que mantenha o curso da mesma forma independente - como sua sucessora. É alarmante para Washington, Dilma era próxima ao Partido Comunista e foi membro da Vanguarda Armada Revolucionária - nomeadamente, com o pseudônimo de Joana d'Arc- nos anos 70. Ela foi traída por um agente do governo, presas, torturada usando os métodos da CIA ensinou na Escola das Américas, e teve que passar três anos na cadeia. Por isso, mesmo décadas após, de Rousseff não se espera que seja realmente uma grande fã dos EUA.

A campanha de Dilma ganhou força gradualmente e as sondagens começaram a dar-lhe à frente do candidato de direita José Serra na corrida. Jornalistas amigáveis aos EUA e agentes da CIA sondaram a sua disponibilidade para forjar um acordo secreto com Washington e previsivelmente descobriu que o plano não teve chance com Rousseff, que firmemente prometeu fidelidade ao curso do presidente Lula. A CIA reagiu a tentativa de manchar Rousseff, e os meios de comunicação de imediato lançaram um mito sobre o seu extremismo. Encontraram informantes da polícia, que posaram como "testemunhas" de seu envolvimento em assaltos a banco, e que pretendia pegar o dinheiro para apoiar o terrorismo no Brasil. A mídia conservadora travou uma guerra de classificações e elogioso em coro pró-EUA, mostrando José Serra como o inconteste favorito e Dilma como uma rival puramente nominal. Tendo a situação, no entanto, se estabilizado, e Dilma Rousseff finalmente emergiu como o líder da campanha, graças a um apoio pessoal do Presidente Lula.

Rousseff perdeu 3 a 4% dos votos, não vencendo as eleições no primeiro turno. O resultado do segundo turno dependerá em grande parte os adeptos do Partido Verde, Marina da Silva Vaz de Lima, que foi a terceira nas eleições, com 19% dos votos. A batalha pelos partidários do Partido Verde está em andamento, e a sombria equipe Shannon, sem dúvida, fará o seu melhor para mediar uma aliança entre Serra e Marina Silva.

O gupo de Dilma visivelmente excedeu o seu triunfalismo inicial - o segundo turno é um jogo difícil, e seu candidato os adversários de está implicitamente apoiado pelo império poderoso e cheio de recursos que é conhecido por ter impulsionado rotineiramente candidatos esperança para a vitória. A mídia no Brasil - a holding Globo, a editora Abril, jornais influentes como a Folha de S. Paulo, e a revista Veja - está ocupada com a lavagem cerebral do eleitorado do país.

A equipe de Shannon está enfrentando a missão de ajudar "novas forças" menos propensas a desafiar Washington obterem um controle sobre o poder no Brasil. Deste ponto de vista, o jogador certo é do Partido Verde, onde os agentes da CIA durante muito tempo ganharam sérias posições, uma vez que os EUA são tradicionalmente interessados nos problemas ecológicos da bacia amazônica. No momento em que a CIA está cortejando os líderes e ativistas Verdes e, paralelamente exigem promessas de cargos para eles no governo proveniente da campanha de Serra. Washington deve estar fazendo um trabalho urgente, considerando que Lula da Silva, com o plano de decidir em 10 de outubro para seu lado, lançará o seu peso no segundo turno. Rousseff, por outro lado, também tem o potencial de atrair o Partido Verde partidários do Marina Silva, considerando que ela era participava do governo Lula até 2008.

A CIA emprega ex-policiais brasileiros demitidos de seus cargos por várias razões para fazer o trabalho de campo como vigilâncias, penetrações em apartamentos, roubos de dados de computador e chantagem. Na maioria dos casos, estes são indivíduos com tendências ultra-direitistas que consideram Serra o seu candidato. Ministérios no Brasil, comunidades de inteligência e complexos militar e industrial, estão fortemente infiltrados por agentes dos EUA. O corpo da embaixada dos EUA e do consulado no Brasil inclui cerca de 40 agentes de inteligência da CIA, DEA, FBI e do exército, e têm planos para abrir 10 novos consulados nas principais cidades do Brasil, como Manaus na Amazônia.

Embora o objetivo do Departamento de Estado dos EUA seja reduzir o tamanho da representação diplomática no mundo, em um esforço para cortar despesas, o Brasil continua sendo uma exceção à regra. O país tem um potencial para se estabelecer como uma força geopolítico contrária aos EUA no Hemisfério Ocidental dentro da próximos 15-20 anos e as administrações dos EUA - com republicanos e democratas - estão preocupados com a tarefa de impedi-la de assumir este papel.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Monitor13 - Portal de informações independentes

Monitor13 é um portal de esquerda, que não é ligado à campanha oficial de Dilma Roussef e que possui o objetivo de disseminar informações independentes, agregando diversos blogues em um mesmo endereço.

Visite: http://monitor13.com/

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Governos de FHC (PSDB) e Lula (PT) comparados em números

Dados comparativos: Governos de FHC (PSDB) e Lula (PT)
Para o Governo FHC os dados e estatísticas se referem ao final do ano de 2002. Para o governo Lula  são referentes ao final de 2009 ou julho/agosto de 2010

Geração de empregos: vagas a mais, com carteira de trabalho assinada – Fonte: CAGED-MTE
FHC/Serra = 780.000 x Lula/Dilma = 14.000.000

Salário mínimo – Fonte: legislação brasileira – Senado
FHC/Serra = R$ 200,00 x Lula/Dilma = R$ 510,00

Salário mínimo: em dólares – Fontes: legislação e UOL
FHC/Serra = 64 dólares x Lula/Dilma = 300 dólares

Taxa de desemprego – Fonte:Pesquisa Mensal de Emprego – IBGE
FHC/Serra = 10,5% x Lula/Dilma = 6,9%

Mobilidade social (brasileiros que deixaram a linha da pobreza): Fonte:IBGE – PNADs
FHC/Serra = 2 milhões x Lula/Dilma = 27 milhões

Analfabetismo absoluto – não sabem ler nada – entre 15 e 64 anos – Fonte:PNAD-IBGE 2002/2009*
FHC/Serra = 12% x Lula/Dilma = 7%

Analfabetismo funcional – incapacidade de entender textos e realizar operações simples*
FHC/Serra = 27% x Lula/Dilma = 21%

Mortalidade infantil*
FHC/Serra = 27,5 por mil x Lula/Dilma = 19,3 % por mil

Acesso à água tratada*
FHC/Serra = 72 % x Lula/Dilma = 90%

Acesso à saneamento básico (esgoto)*
FHC/Serra = 68%% x Lula/Dilma = 75%

Produção agrícola em milhões de toneladas – Fonte: IBGE – pesquisa setorial
FHC/Serra = 123 x Lula/Dilma = 148 (recorde)

Risco Brasil: Fonte: BC**
FHC/Serra = 2.700 pontos x Lula/Dilma = 200 pontos

Dólar - Fonte: UOL economia***
FHC/Serra = R$ 3,63 x Lula/Dilma = R$ 1,70

Reservas cambiais líquidas: em bilhões de dólares**
FHC/Serra = -173 (dívida líquida)  x  Lula/Dilma = +183 (reserva líquida)

Relação crédito/PIB**
FHC/Serra = 14% x Lula/Dilma = 34%

Taxa SELIC**
FHC/Serra = 23,25% x Lula/Dilma = 10,75%

Taxa de inflação oficial – Fonte:IPCA-IBGE
FHC/ Serra = 12,53% x Lula/Dilma = 4,49%

Taxa real de Juros média da dívida pública***
FHC/Serra 17%  x Lula/Dilma = 6%

Dídida externa Líquida – em bilhões de dólares
FHC/Serra 173  x Lula/Dilma = Zero

Relação dívida externa líquida /PIB  – Fonte: IBGE e BC
FHC/Serra 45% x Lula/Dilma = 0% (zero porcento)

PIB – Produto interno Bruto (anualizado junho de 2010) – Fonte- IBGE
FHC/Serra  R$ 1,32 trilhão x Lula/Dilma = R$ 3,266 trilhões

PIB per capita (anualizado junho de 2010) – Fonte: IBGE
FHC/Serra  R$ 7.567 x Lula/Dilma = R$ 9.605

PIB em dólares - Fonte:FMI
FHC/Serra 0,459 tri x Lula/Dilma = 1,612 tri

BRASIL - Ranking do PIB, entre as nações, em dólar  – Fonte:FMI
12º  Lugar …………….    0,459 trilhões ……….  FHC/Serra – 2002
8º Lugar …………….    1,612 trilhões ……….   Lula/Dilma - 2009

Postado originalmente em: http://www.sejaditaverdade.net/blog2/?p=2500

Uma das mil caras de Serra: promete cumprir o mandato de Prefeito de SP na íntegra

Já que Serra não mente, só pode ser Alzheimer.

Veja o vídeo:



Leia o documento registrado em cartório:

Serra NUNCA terminou um mandato para o qual foi eleito.

Este candidato tem ainda tem coragem de pedir votos?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Vídeo de Ciro denunciando a "Máquina Clandestina de Difamação do PSDB de SP"

Este Ciro Gomes não tem meias palavras... Pra ele pau que bate em "Zé" bate em "José" também!

"Dois pesos… " - Maria Rita Kehl - Texto que causou a demissão do Estadão

Leia o texto que causou a demissão de Maria Rita Kehl do Estadão. Isso é liberdade de expressão para a grande mídia? A prática do Serra de "pedir a cabeça" de jornalistas é amplamente conhecida, mas o candidato posa de defensor da liberdade de expressão. Tem ou não tem mil caras?

Dois pesos…
02 de outubro de 2010
Maria Rita Kehl, no Estadão

Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

sábado, 9 de outubro de 2010

Colocando na Balança - Infográfico FHC/Serra x Lula/Dilma - Autor: @ilustrebob

Maior vitrine do governo Serra é alvo de denúncias de corrupção e crimes ambientais

Texto: Bárbara Lopes
http://www.advivo.com.br/blog/babilopes/rodoanel-crimes-ambientais-e-corrupcao

O caso do Rodoanel é exemplar, porque desmonta, numa tacada só, os mitos do Serra e do PSDB ambiental, ético e competente.

O trecho sul foi entregue, mesmo sem ter a sinalização e iluminação completas, em 30 de março deste ano, um dia antes de José Serra deixar o Palácio dos Bandeirantes para se candidatar à presidência. Com 57 quilômetros de extensão, a obra consumiu sete anos e cerca de R$ 5 bilhões (mais de R$ 87 milhões por quilômetro).

No decorrer das obras, diversas denúncias de problemas ambientais surgiram. Mortes de animais silvestres, incluindo espécies em extinção, como veados catingueiros e preguiças (1). Segundo estudo do SOS Mata Atlântica em parceria com o Inpe, cerca de 700 hectares de Mata Atlântica foram perdidos na região (2). O plantio de mudas como compensação ambiental, no entanto, não se refere ao total atingido e sofreu atrasos (3). A ex-ministra e ex-candidata Marina Silva foi uma das vozes a criticar as compensações previstas (4). O Rodoanel avançou por áreas de mananciais que abastecem as represas Billings e Guarapiranga, causando aterro de alguns córregos e assoreamento na Billings (5). As represas são responsáveis pelo abastecimento de água de 4 milhões de pessoas. Além disso, há o temor que a via estimule a ocupação urbana de áreas de preservação. Embora o governo argumente que isso não deve acontecer, devido ao controle de acessos, as áreas cortadas pelo Rodoanel tiveram seus terrenos valorizados em 50% (6).

As denúncias não se limitaram a questões ambientais. Uma auditoria do Tribunal de Contas da União, divulgada em abril de 2009, encontrou compras feitas por valores até 30% acima do previsto no orçamento. "Para reduzir os custos, ainda segundo o TCU, as empresas contratadas alteraram métodos construtivos com redução no número de vigas usadas em pontes, substituição de estacas metálicas por pré-moldadas e troca de areia por brita em muros de contenção, por exemplo" (7). Coincidência ou não, em novembro do mesmo ano um desabamento de vigas deixou três feridos (8). A Polícia Federal encontrou indícios que a Camargo Correa, uma das empreiteiras contratadas para as obras, pagou propinas a membros da administração tucana (9).

Um dos envolvidos na denúncia é Paulo Vieira de Souza (10), ex-diretor de engenharia da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa de capital misto do governo do Estado), responsável pelo Rodoanel. Ligado ao recém-eleito senador Aloysio Nunes Ferreira, Paulo Preto, como é conhecido, ganhou os noticiários eleitorais com a espantosa história de que teria arrecadado R$ 4 milhões para a campanha tucana, mas não teria repassado o dinheiro (11).

Há um ditado que diz "tudo bem quando acaba bem". Mas não parece ser este o caso. Pouco mais de dois meses após a inauguração do Rodoanel Sul, os caminhoneiros desistiram da nova via e voltaram à avenida dos Bandeirantes, devido ao aumento nos custos (12) - isso levando em consideração que o pedágio previsto para a rodovia ainda não foi implantado (13). E o trânsito em São Paulo? Esse, quem mora na cidade sabe, continua caótico.

1 - http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090406/not_imp350604,0.php
2 - http://noticias.terra.com.br/transito/interna/0,,OI4450920-EI11777,00-Ambientalistas+condenam+trecho+sul+do+Rodoanel+em+SP.html
3- http://www.jt.com.br/editorias/2010/05/27/ger-1.94.4.20100527.21.1.xml
4 - http://www.redebomdia.com.br/Noticias/Politica/16454/Em+visita+ao+ABCD,+Marina+Silva+critica+o+Rodoanel
5 - http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/03/30/com-dois-anos-de-atraso-serra-inaugura-trecho-sul-do-rodoanel-em-sua-ultima-acao-no-governo-de-sp.jhtm
6 - http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/17733_A+ECONOMIA+DO+RODOANEL
7 - http://www.agora.uol.com.br/saopaulo/ult10103u551359.shtml
8 - http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u652418.shtml
9 - http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI140500-15223,00-ECOS+DO+BURACO+TUCANO.html
10 - http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/homem-bomba-tucano-aloysio-nunes
11 - http://www1.folha.uol.com.br/poder/789581-ex-diretor-da-dersa-acusado-de-desviar-doacoes-ao-psdb-vai-a-justica-contra-tucanos.shtml
12 - http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/755640-apos-melhora-no-transito-caminhoes-retornam-a-av-dos-bandeirantes.shtml
13 - http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2010/08/edital-para-construcao-do-trecho-leste-do-rodoanel-e-publicado-em-sp.html

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Distribuição do capital político após as eleições

Liberais e socialistas podem se decepcionar, mas a democracia burguesa funciona como um mercado de votos, revelado por Schumpeter. Em uma democracia ideal o debate entre projetos de futuro norteariam a distribuição dos votos no mercado, através de ofertas programáticas que os eleitores distinguiriam entre as realistas e as desejáveis.

Na democracia real e imperfeita em que vivemos diversos outros valores influenciam no mercado de votos, como interesse privado, tradição, preconceito, propaganda, modismo, crença, religião e, inclusive, propostas para o futuro do país. Nesta eleição, como em outras, todos os fatores se misturaram, e não é possível distingui-los de maneira exata, pois se misturaram no torvelinho das relações sociais.

O exercício que faremos não pretende explicar as complexas relações sociais em torno do voto, apenas traçar alguns "tipos ideais" que congregam votos e contribuem para o acúmulo de capital político, através do processo de mais-valia política, que não será analisado. Para simplificar, digamos que a mais-valia política pode ser entendida com a mera transposição do conceito econômico de Marx para o universo político.

Os tipos ideais de eleitores que identificamos são: o Conservador, o Social Democrata, o Esquerdista, o Desinteressado e o Indignado. Quem é familiarizado com a teoria Weberiana dos tipos ideais sabe que não se encontrará nenhum "tipo puro" andando pela rua, e que todas as pessoas mesclam diversos tipos,  possivelmente com algum deles sendo preponderante. O Ambientalista pode estar surgindo como um novo componente desta tipologia, mas por enquanto será considerado como um sub-tipo do Social Democrata.

Antes de prosseguir a análise, vejamos o resultado que sai das urnas, que é claro, mas de complexo entendimento, simultaneamente.

Dilma 35,09
Abstenção, Brancos e Nulos 25,19
Serra 24,4
Marina 14,46
Plínio 0,65
Outros 0,21

Vamos ver outra tabela, esta não censitária, mas sim amostral, que, no entanto não deixa de sinalizar a distribuição do capital político no país. A tabela a seguir representa a preferência por partidos no Brasil, segundo pesquisa IBOPE.

PT 27
PMDB 5
PSDB 5
Outros 4
PV 3
PDT 2
Não tem preferência 54

Agora vejamos as bancadas na Câmara dos Deputados por partido.
Partido Deputados %
PT 88 17,15
PMDB 79 15,4
PSDB       54 10,53
DEM 43 8,38
PR 40 7,8
PP 40 7,8
PSB 34 6,63
Outros 32 6,24
PDT 26 5,07
PTB 20 3,9
PcdoB 15 2,92
PSC 14 2,73
PPS 14 2,73
PV 14 2,73

Cabe dizer que o método de análise é altamente subjetivo e arbitrário, e não se pretende científico em nenhum momento. Observando as tabelas acima, podemos especular que:

. Lula sai menor das urnas do que se imaginava, pois a votação de Dilma foi a votação de um eleitorado fidelizado pelo PT ao longo de décadas. Dilma obteve 35% de votos, sendo que o PT é o partido preferido de 27% da população. Os outros partidos da coligação podem ter mobilizado 3% dos votos, sendo que Lula talvez tenha conseguido amealhar apenas 5% de votos fora do arco de alianças, sem contar com os seus votos já contabilizados na preferência pelo PT.

. Ao contrário do que se afirma, o capital político do PT é maior do que o de Lula, mesmo sendo este o principal acionista do capital político do partido. Isso os vincula de maneira irrevogável, pois se Lula tentasse sacar seu capital político, o PT "quebraria" antes do saque se completar. O capital político do PT se constrói em cima do perfil do Social Democrata e do Esquerdista, tendo como público principal a social democracia, que almeja a justiça social, e depois o esquerdista que almeja o socialismo.

. Houve uma troca no eleitorado petista, que perdeu votos na classe média e na elite e ganhou votos nas classes menos favorecidas. Os votos da classe média e elite que o PT perdeu migraram principalmente para Marina e são compostos por Sociais Democratas / Ambientalistas e Indignados.

. A votação expressiva de Marina Silva se deu amealhando quase a totalidade do perfil Indignado, que já foi capital político petista um dia e é composto por uma parte expressiva da elite intelectualizada. Parte deste eleitorado é composto pela "opinião pública" influenciada pela mídia. Marina também amealhou os Ambientalistas, que ainda não chegam a compor um estrato a parte da sociedade, pois muitos deles estão expressos nos Indignados e outros tantos nos Sociais Democratas. E por último, e não menos importante, Marina obteve o voto Conservador religioso, sendo a maior beneficiada da onda de boatos em torno do aborto e do ateísmo.

. Os Conservadores encolheram nesta eleição. Seus votos estão divididos entre Conservadores convictos - direitistas de diversas matizes, desde reacionários, passando por liberais clássicos e chegando aos religiosos - e entre a "opinião pública" formada pela grande mídia. Os partidos da direita se enfraqueceram enquanto legítimos representantes do pensamento conservador, apesar das expressivas vitórias nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A mídia ocupou em grande parte este papel político de agregar os conservadores dos mais diversos matizes.

. O PSDB e José Serra deixaram de representar um projeto político social democrata para o país, projeto este que bem melhor executado pelo governo do PT, e passaram a representar a direita mais conservadora e reacionária, tendo boa parte dos votos oriundo do preconceito de classes e outra boa parte oriundo da força da imprensa sobre a chamada "opinião pública", que expressa o principal capital eleitoral da grande mídia. O capital político do PSDB foi em grande parte tomado de empréstimo da mídia.

. A grande mídia surge como a grande força política conservadora e reacionária no país. Seu poder político está assentado na capacidade de apresentar e disseminar versões como se fossem realidade factual. Seu poder político é livre de amarras, pois a grande imprensa não é tratada na legislação como uma força política que disputa o poder na democracia, que participa do jogo político. Desfruta de um status de força superior que paira acima da democracia, muitas vezes se auto intitulando como o pilar central desta - ao invés do voto - e como seu principal fiador - no lugar do povo.

. O fato de não existir freios e contra-pesos ao exercício do poder pela grande mídia coloca ao Brasil uma distorção profunda no processo político democrático, verificado também em outros países. Este fato político é agravado pela inexistência de grandes grupos midiáticos de esquerda ou que apresentem de fato uma visão eqüidistante da realidade. O já folclórico "Senador(a) da RBS" é um ícone representativo deste processo.

. O volume de abstenção, votos brancos e nulos representam os Desinteressados, grupo que possui uma grande proximidade comportamental e/ou ideológica com os Indignados. Este grupo representou nestas eleições a segunda maior presença/ausência nas urnas, e é composto por pessoas que acham que a política não muda nada em suas vidas, ou que simplesmente acham que seus votos individuais não vão mudar nada na política. O "jogo baixo" e a "guerra suja" no processo eleitoral são os fatores que mais contribuem para o crescimento deste grupo, que aliena seu poder de decisão para outrem. Parte dos Indignados estão entre os que votam branco e nulo.

. Na Câmara dos Deputados recém eleita, a maior força política é a direita que, se somada como PSDB, DEM, PR, PP, e PSC, constitui cerca de 37% da casa. A esquerda, se considerada como PT, PSB, PDT, PCdoB e PSOL, congrega cerca de 33%, enquanto o centro (PMDB, PV, PTB e PPS), possui 30%. Esta divisão é muito imprecisa, pois em diversas ocasiões em que o PSB, o PDT e até mesmo o PT poderiam ser considerados como centro, assim como o PR e o PP. O PPS pode ser classificados como na direita também.

. A distribuição das bancadas no congresso nos leva a concluir que o centro é a maior força política do país, apesar de "formalmente" ser a menor. Mostra também o quando a base da aliança petista está calcada em partidos de direita, que não teriam o menor problema de migrar para a base política tucana em caso de eleição da oposição.

. O PSB ampliou sua participação no congresso, em parte recebendo votos tradicionalmente petistas, mas deixou de se apresentar como uma alternativa ao país sem candidatura própria, deixando papel exclusivamente reservado à Marina. O PSB apostou nesta tática para eleger uma bancada maior e 3 governadores, e teve relativo sucesso. Caso tivesse lançado candidatura própria, como estratégia combinada, sem sofrer ameaças de retaliação do PT, dividiria os votos de Marina e reduziria ainda mais a expressão do voto conservador. É possível que o partido saísse maior das urnas.

. O Esquerdismo saiu muito pequeno destas eleições, mostrando que os 6% da Heloísa Helena eram votos dos indignados, uma vez que Plínio teve uma grande exposição na mídia e ficou abaixo de 1%. No entanto Plínio foi apresentado pela imprensa como um entretenimento eleitoral e não como uma alternativa como foi Marina, e em certa dose Heloísa Helena, que recebeu parte do capital político midiático por representar a única alternativa aos indignados na ocasião.

Alguns corolários.

. O capital político do PT está em torno dos 25%, seu patamar histórico. Lula detém cerca de 10 a 15%, sendo uma parte dele depositado no PT e outra parte disponível para seu uso no mercado de votos. O capital político de Dilma é zero, mas tende a aumentar. Os 5% restante é dividido entre PMDB, PDT e PSB, sendo que os votos do PMDB ficaram mais difusos, ao sabor da orientação de caciques locais.

. O capital político conservador está entre 15 e 20%. Dentro desse capital político o de Serra é muito pequeno pois o PSDB tem cerca de 5% e o restante, que não se identifica com nenhum partido, seria oferecido à qualquer candidatura do campo conservador mesmo que não fosse a de Serra.
A mídia entra como sócia da candidatura com o restante dos votos para completar 24%. Estabelecemos de maneira arbitrária o capital da mídia emprestada ao Serra em 6%.

. O capital político de Marina é disperso, mas representa o segundo maior capital individual do processo, ficando em torno dos 5%. Cerca de 3% do seu total de votos pode ser atribuído aos Sociais Democratas / Ambientalistas. A soma de 8% corresponde ao patamar mantido pela candidatura antes da reta final. Na reta final talvez 4% de indignados votaram em Marina sob influência dos escândalos midiáticos e 3% de votos religiosos entre Conservadores e Desinteressados.

Conclusões:

. Será muito difícil a Dilma perder as eleições, uma vez que teria que perder votos no segundo turno, e a capacidade de transferência de votos da mídia parece já ter se esgotado no 1º turno. Apesar da clara preferência midiática pela candidatura de Serra, a candidatura não foi capaz de absorver a massa de votos movimentada pela mídia, indo os indignados ao encontro de Marina. Caso a mídia insista no uso de seu capital político na confecção de escândalos a hipótese mais provável é o aumento dos desinteressados, e não o aumento dos votos conservadores, uma vez que a alternativa aos indignados saiu do páreo.

. O PT tradicionalmente congrega mais os votos dos Sociais Democratas e Indignados do que o PSDB, sendo plausível supor que receberá ao menos 40% deste eleitorado que votou em Marina, o que já garantiria a eleição de Dilma. É provável que a mídia consiga conferir utilidade à parcela de Indignados sob sua influência e transferir votos para o Serra, mas não em número suficiente para mudar o resultado das eleições.

. O voto religioso tente a ser dividido entre os dois candidatos, uma vez que José Serra, quando Ministro da Saúde, regulamentou a prática de aborto na rede do SUS, e não possui uma relação com o setor profunda o suficiente para receber a totalidade dos votos religiosos depositados nas urnas. É necessário lembrar que nem todo voto religioso está no público Conservador, uma parte se identifica com a Social Democrata, notadamente os relacionados a Teologia da Libertação.

. Para vencer as eleições Serra teria que captar praticamente a totalidade do voto social democrata ambientalista, dos indignados e dos religiosos, o que é praticamente impossível.

. Marina Silva provavelmente irá tentar reservar seu capital político para si, não declarando apoio a nenhuma candidatura no segundo turno, uma vez que sua mais valia política é extraída através do discurso da "nova política", principalmente dos Indignados, que esperam de Marina uma posição acima do bem e do mal. Caso ela adote outro discurso irá decepcionar parte do seu eleitorado, e talvez se descapitalizar.

. Por coerência histórica Marina se posicionaria ao lado do PT, mas parece estar se movendo mais pelo pragmatismo eleitoral do que se poderia supor, com vistas em 2014. Parece não estar disposta fazer um discurso que seu eleitorado não queira ouvir, pois isso rebelaria sua base e dificultaria a extração de sua mais-valia política, que depende de uma postura que favoreça a idolatria.

sábado, 2 de outubro de 2010

48 Horas de Democracia

Acompanhe e participe da cobertura colaborativa das Eleições 2010.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Porque não voto em Marina Silva

Admiro a história de vida de Marina e sua luta, e escrevo estas palavras com certa tristeza, pois sinto a necessidade de denunciar o oportunismo do movimento eleitoral que ela está liderando. Ressalvo que os argumentos são impessoais em relação à Marina e meramente políticos, e que possuem o único objetivo de provocar a reflexão.

1. O voto em partido é mais fiel aos princípios democráticos do que o voto em uma pessoa, que reforça o personalismo na prática política. O PV é um partido débil e adesista, que está no poder em 80% dos casos, sem se importar se a gestão é do DEM, PT, PMDB, PSDB, ou qualquer outro. Isso demonstra clara frouxidão ideológica, apego ao poder e oportunismo.

2. O PV tem lideranças contestáveis como o oligarca Zequinha Sarney e o Fernando Gabeira, que desmoralizam as acusações sobre alianças alheias, como que se esquecesse que no RJ apóia o DEM e em SP é aliado do governo tucano. Marina diz que não fez "alianças espúrias" para não se contaminar, mas quem acompanha a política sabe que não fez alianças porque não conseguiu, uma vez que todos os partidos preferiram participar da aliança petista ou da tucana.

3. Marina não diz a verdade quando afirma que PT e PSDB são iguais. É somente discurso em busca de votos, pois ela passou a vida inteira no PT atacando a prática política do PSDB e suas posições ideológicas. Igualar os dois partidos não é verdadeiro, não corresponde à realidade factual e corresponde a uma prática oportunista típica da "velha política" que afirma não fazer.

4. Marina aproveita-se de uma onda de denuncismo despejada sobre sua concorrente Dilma, aproveitando tal situação para ganhar votos, em uma clara manifestação de preocupação com o aumento do seu capital político e da participação no mercado de votos, não se importando que estes votos sejam oriundos de práticas da "velha política" que condena.

5. Existem sérios indícios de práticas políticas pouco republicanas que pairam sobre a família de Marina, seus apoiadores, empresas financiadoras e sobre sua própria atuação. Não irei elencá-las aqui pois creio não ser um argumento devido. No entanto é necessário denunciar a postura de vestal de Marina como se somente os adversários fossem cercados de pessoas pouco éticas. Caso Marina estivesse na frente do candidato da mídia, certamente uma chuva de denúncias cairia sobre sua cabeça.

6. O voto em Marina na prática é um voto em José Serra, pois contabilizará como voto válido, podendo contribuir para levar o tucano ao 2º turno. Infelizmente nosso sistema político é organizado desta maneira, e por mais que se argumente o contrário, na prática é isso que acontece. Logo o voto em Marina pode ter a roupagem de um voto ideológico mas na fria e crua Realpolitik tem exatamente o mesmo efeito prático de um voto em José Serra.

Dito isso, afirmo que concordo com as idéias e propostas do PV e de Marina, mas não concordo com a prática política adotada pelo partido e pela candidata, que concentraram suas atenções em ganhar votos recorrendo a expedientes condenáveis e oportunistas.

Acompanho a política com atenção, inclusive no período não eleitoral, e afirmo com veemência que é um engano votar em Marina pensando que esta é a "nova política", uma política mais ética, livre de práticas condenáveis. Caso fosse eleito o PV, para governar, teria que se curvar aos interesses de bancos, da mídia, de ruralistas e de todos aqueles que condenam, caso contrário não teria governabilidade.

Para não sofrermos de amnésia é mister lembrar que o Brasil já elegeu um candidato "diferente", que fazia uma "nova política", uma alternativa aos políticos tradicionais. Elegeu um "Caçador de Marajás" que acabou defenestrado por Impeachment.

É triste nossa realidade, mas é a que temos. Meu voto em Dilma 13 não é um voto sem indignação, pois considero que o PT sofre dos problemas inerentes à democracia brasileira, mas ainda segue sendo o melhor partido do Brasil (ou se preferir o menos pior), preferido por 27% dos brasileiros, sendo que o segundo colocado tem apenas 5% da preferência.

Voto em Dilma 13 porque o Brasil melhorou muito com o Governo Lula. Apesar de muitos acharem que seria um governo ruim, foi o melhor governo que o país teve nas últimas décadas, sem sombra de dúvidas. Até a oposição acaba tendo que reconhecer isso. Se estamos no caminho certo, é neste caminho que devemos continuar. Não quero ver o país na mão dos vendilhões da pátria, de uma elite subserviente aos interesses americanos e do grande capital internacional.

Se pretende votar em Marina Silva, peço que pense bem a respeito, pois é um voto que na prática irá indiretamente para José Serra.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Promoção Gato por Lebre: compre Marina e leve José Serra

A democracia moderna funciona como um mercado de votos, gostemos ou não. Com propaganda enganosa, venda casada, formação de cartel e tudo mais. No mercado de votos os meios de comunicação ganham uma força desproporcional à sua função social, principalmente quando se auto-intitulam  como um "meio" e agem em prol de um dos lados.

Imagine se as emissoras começassem a se posicionar em relação aos produtos anunciados. Se, por exemplo, a Globo afirmasse que considera o Nescau  melhor para a saúde do que o Toddy, e fizesse isso como uma opinião editorial e não como um anúncio pago. Seria um escândalo? Pior que isso seria se o veículo ao invés de assumir que faz campanha aberta para um produto, o fizesse de maneira subliminar.

É isso que estamos presenciando nas eleições de 2010, como nas anteriores. A mídia se posiciona de maneira subliminar a favor de Serra, com louvável exceção do Estadão que declarou seu voto. Agora a grande mídia está tratando de inflar a candidatura Marina, usando "escândalos" de maneira seletiva, mostrando os que interessa e escondendo os que não interessa, tática que entre os mágicos é conhecida como truque.

A Marina tem méritos, e muitos, e acredito que ela pode honrar sua história de vida e fazer um jogo político diferente. Mas por enquanto não é isso que estamos vendo. Sua candidatura está sendo usada pela mídia como "laranja" para tentar levar o Serra para o segundo turno. Obviamente não interessa à Marina denunciar este movimento político-midiático, mesmo sendo de seu conhecimento o jogo que está por trás.

A Candidatura Marina perde a chance de se constituir como uma referência diferenciada quando se rende à lógica da política de resultados. Três momentos de sua candidatura denunciam que Marina está fazendo política à moda antiga, apesar de ser vendida em nova embalagem:

1. Afirma que PT e PSDB são iguais, mesmo sabendo em seu íntimo que não são. Se Marina falasse a verdade para o seu eleitor diria que PT e PSDB são diferentes, e que ela considera o PT melhor que o PSDB, como demonstra sua própria carreira política. Alguém acredita que a ela só foi revelada a verdade quando se desfiliou do PT? Igualar os dois é apenas uma tática para ampliar sua fatia no mercado de votos. Assim se iguala a todos.

2. Aproveita-se da onda midiática de denuncismo para beliscar votos de Dilma. Esta atitude revela oportunismo da sua candidatura, mesmo sabendo que poderia ser vítima deste mesmo instrumento de manipulação da realidade. Caso estivesse em 1º nas pesquisas, as denúncias sobre sua gestão no MMA surgiriam com a mesma força que o estrondoso silêncio sobre o caso PSDB-Alstom.

3. Se faz de ingênua sobre o movimento da mídia para inflar sua candidatura. Quer sair com o maior capital político possível destas eleições, mesmo que o preço do aumento de seu capital seja o risco do país regressar ao tempo da privataria. Se Marina se comportasse com altivez denunciaria que sua candidatura está sendo utilizada por setores conservadores para beneficiar seu verdadeiro candidato: Serra. Será que Brizola aceitaria ser utilizado como joguete?

Ao afirmar que a Candidatura Marina faz a velha política e se vende como nova, não queremos atingir a pessoa da Marina Silva, mas sim demonstrar como a lógica política de sua candidatura é a mesma de sempre: vale tudo por votos. É necessário diferenciar a Candidatura Marina Silva da pessoa Marina Silva.

A Marina pessoa poderia se erguer acima de sua própria candidatura, ir além do seu interesse político imediato no mercado de votos, e mostrar que de fato é diferente: não igualar retoricamente PT e PSDB; não surfar na onda de denuncismo da qual poderia ser vítima; e não deixar sua candidatura ser usada pela mídia para vender gato por lebre.

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