quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Trump no poder. Wikileaks involuntariamente ajudou.


Como alguém disse: tenho medo do Trump porque não sei o que ele vai fazer e tenho medo da Hillary porque sei o que ela vai fazer.

Quem acompanhou estas eleições americanas sabe que o Wikileaks foi um grande player. E ganhou as eleições. Jamais um grande jogador externo aos Estados Unidos havia realizado uma intervenção direta nas eleições domésticas. E uma intervenção de sucesso, diga-se de passagem.

O Wikileaks divulgou os "Podesta Email's", emails do chefe da campanha dos Democratas, uma bomba no processo eleitoral. O vazamento tornou público o grande jogo, os interesses econômicos da guerra e seus acompanhantes macabros: indústria bélica, farmacêutica, petrolífera, de biotecnologia, de alimentos e, hoje, a indústria tecnológica.

Os emails divulgados foram devastadores, pois mostraram as relações espúrias entre os Clinton's, o Departamento de Estado, as corporações e os interesses geopolíticos menos nobres que se possam ser pensados. Expuseram as entranhas das negociações, envolvendo o establishment, o grande  capital, incluindo todos os maiores interessados na teoria de que o caos pode ser uma maneira extrema de gerar lucro.

O Wikleaks divulgou, e o Julian Assange reafirmou, que os financiadores da Hillary e do Estado Islâmico são os mesmos: Arábia Saudita e Qatar. Estes estão entre os principais financiadores do mal e causadores de morte em série no mundo atual. Nesta lógica a derrota da Hillary é a derrota do Estado Islâmico, principalmente e o consequente fortalecimento da Rússia, em primeiro lugar, e da China, secundariamente, na geopolítica.

Existe uma já tradicional análise de  que os Republicanos ganharem nos EUA é sempre melhor para o resto mundo, porque eles são mais interessados na política interna, e que os Democratas são sempre mais intervencionistas na política externa. Os apoiadores deste ponto de vista afirmam que os golpes de estado mundo afora aconteceram majoritariamente sob o mando dos Democratas. Assim sendo, para os anti norte-americanos seria sempre melhor um Republicano eleito. Tenho severas restrições à esta interpretação.

Existe também uma interpretação derivada desta que consistem na seguinte tese: caso os EUA sejam de fato o Império do Mal, quanto pior para os EUA, melhor para o mundo. Neste ótica restrita Trump seria uma grande vitória para o resto do mundo.

Também se poderia dizer, na mesma linha, que o Trump é a caricatura de tudo o que há de pior, e que a Hillary é o que há de pior. Trump é um falastrão que fala muito mais do que faz, e a Hillary uma frequentadora das sombras que fala muito pouco sobre o que realmente faz.

Talvez comece a fazer sentido a campanha do Wikileaks para desconstruir a Hillary. É praticamente unânime entre os pensadores críticos recentes que o  império Yankee é pernicioso para o equilíbrio mundial.  Assim sendo, se este império quer se aprofundar em uma crise, por que alguém deveria evitar?

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