quinta-feira, 23 de julho de 2015

O encontro do PT com a autocrítica

No seu congresso o PT não conseguiu fazer qualquer autocrítica relevante, o que é um sintoma bastante ruim. A capacidade de autocrítica é um componente importante de uma organização que sabe corrigir seus rumos.

O PT como um todo foi subjugado por uma de suas correntes internas, a majoritária, que sempre dominou o partido. Para a corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), ex-Campo Majoritário, ex-Articulação, as criticas ao partido seriam como um reconhecimento do seus erros, uma vez que não perde votações no partido.

Esta autocrítica seria necessária, seria uma clara evidência que o partido está vivo e que não se confunde com o governo, ou que pelo menos não é menor que ele. Esta sinalização não veio, traduzindo uma situação incômoda: a organização trabalha para a sua direção e não o contrário.

O PT resolveu abafar as críticas internas para que não se demonstrasse falta de unidade ou falta de controle do grupo hegemônico sobre o partido. Se o objetivo era não apresentar as debilidades aos predadores, apresentou-se uma organização envelhecida, cujo resultado prático é o mesmo.

Ao evitar a crítica à política econômica recessiva e pró cíclica o PT flerta com o neoliberalismo e rompe mais uma vez com a tradição de esquerda, de ampliar investimentos públicos para contornar as crises econômicas e aquecer a economia. Distancia-se assim um pouco mais do imaginário de sua base social, que aguardava outra atitude do governo e do PT.

Sabe-se que o governo nunca vai ser a esquerda do partido, mas o que não se pode deixar acontecer é que o PT deixe de estar à esquerda do governo sem postura crítica. Quando o medo da crítica interna assola a estrutura partidária,  apresenta-se um sintoma muito sério de que o Partido enrijeceu, e tudo que é rijo é mais fácil de quebrar.

Autocrítica é o mínimo que o PT deve produzir enquanto reflexão teórica. Não a autocrítica cobrada pela mídia, mas sim a autocrítica militante 


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