segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Escândalo Arruda - Jornais de SP não chegam em Brasília

Neste domingo não foi possível comprar jornais de SP em Brasilia. Os donos de banca de Jornais informavam que os jornais não chegaram por um alegado "problema no aeroporto" em São Paulo. Porém não encontrei notícias na internet sobre o fechamento de aeroportos na cidade.

Seria uma estranha coinciência não ter chegado jornais de SP em Brasília justamente no domingo em que as manchetes estampam o escândalo de corrupção no Governo Arruda, você não acha? Mas certamente não é só coincidência.

Podemos informar e nos informar pela internet.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Dilma e Ciro comporiam a chapa mais forte

Capital político eleitoral - resposta espontânea

A análise abaixo apresenta (e representa) um viés. Parte da premissa que a democracia burguesa é um mercado de votos. Neste mercado a fotografia do momento indica que uma parte dos votos estaria imobilizada hoje pela menção espontânea. Este método de análise envolve alto grau de subjetividade e arbitrariedade.

Espontâneo

Lula
18,1
José Serra
8,7
Dilma Rousseff
5,8
Aécio Neves
4,2
Ciro Gomes
2,6
Heloísa Helena
1,4
Marina Silva
0,7
Outros
1,6
Branco/Nulo
5,3
NS/NR
51,6
Total
100



Votos do campo governista
26,5
Votos do campo da oposição
12,9
Marina + Heloísa + outros
3,7
Branco/Nulo
5,3
Não sabe
51,6
Disponível no mercado de votos
55,3



Primeira rodada de distribuição

Votos governistas (capital livre de Ciro)
5,5
Votos oposicionistas (capital livre do Serra)
8,5
Disponível no mercado de votos
41,3



Segunda rodada de distribuição

Votos governistas (rejeição combinada da oposição)
13,74
Votos oposicionistas (rejeição combinada da situação)
10,42
Disponível no mercado de votos
17,14



Terceira rodada de distribuição

Votos governistas (rejeição combinada da oposição)
5,7
Votos oposicionistas (rejeição combinada da situação)
4,32
Disponível no mercado de votos
7,11



Quarta rodada de distribuição

Votos governistas (rejeição combinada da oposição)
2,37
Votos oposicionistas (rejeição combinada da situação)
1,79
Disponível no mercado de votos
2,95



Total de votos governistas
53,81
Total de votos oposicionistas
37,94
Branco/Nulo
5,3
Disponível no mercado de votos
2,95


100


Método
A finalidade não é obter um quadro preciso nem objetivo, pois estamos distantes da eleição. Apenas nos auxilia a traçar um panorama da distribuição de votos e capital político eleitoral neste momento.
Consideramos indisponíveis no mercado de votos a menção à Lula, Dilma e Ciro no campo governista e Serra e Aécio no campo oposicionista, e os votos Brancos/Nulos. Consideramos como disponíveis no mercado de votos os percentuais de Heloísa Helena e Marina Silva, pois não estão sendo vinculadas diretamente nem ao governo nem à oposição, e a menção "Não Sei".

Na primeira rodada de distribuição de votos, calculamos o capital político eleitoral disponível para Serra em 8,5%, e para Ciro 5,5%. Lula possui 7,3% de capital eleitoral livre no momento, mas este pode estar incluído na sua menção espontânea. Está livre por Lula não ser candidato, mas já está comprometido. Atribuímos a margem de Ciro como votos para o campo governista e Serra para o oposicionista. Mais abaixo relatamos como chegamos a estes números.

Considerando os votos ainda disponíveis no mercado, atribuímos como potencial claro de votos em um campo a rejeição média do campo adversário. Consideramos a média da rejeição da situação [(Dilma + Ciro + Lula)/3] como votos certos da oposição, e a média da rejeição da oposição [(FHC + Serra + Aécio)/3] como votos certos para a situação.

Aplicamos cada rodada seguinte de distribuição de votos com base na fórmula acima, para a qual a rejeição média do campo governista é de 25% e do campo oposicionista de 33%. Aplicamos novas rodadas de distribuição dos votos até o nível 4.

Para as rodadas de distribuição de votos poderiam ser aplicados outros parâmetros, tais como capital político disponível para um combinado de outros atores, mas os dados são insuficientes para fazer maiores inferências. Fatores e atores regionais poderiam ser considerados também, se seus potenciais de transferência de votos fossem mensurados.

Potencial de votos
A rejeição de FHC é muito alta, podendo então ceder mais do que as outras, o que traria o índice de rejeição aos tucanos para baixo. Em plano federal a rejeição associada aos tucanos é muito alta, impedindo-os de acessar uma grande fatia de votos. Se fossem avaliados a influência e o capital político de atores reginais e locais, esta rejeição também poderia apresentar queda também.

No entanto a experiência parece apontar para uma transferência de votos mais ativa no mesmo nível federativo, e menos ativa em níveis diferentes, apesar de não ser desprezível. Projetando sequencialmente a rejeição média como voto no adversário teríamos 54% de potencial de votos para a situação e 38% para a oposição.

Caso a estratégia plebiscitária de Lula seja vitoriosa a grande rejeição de FHC será absorvida, pelo menos em parte, pela chapa identificada com a oposição. Neste caso o maior desafio da oposição será reduzir a rejeição ao FHC, que está em 49,3%, uma vez que escondê-lo seria praticamente impossível, pois os governistas aproveitarão sua campanha para relacionar a era FHC à candidatura tucana, o que não é tão difícil de se conseguir. Para o campo da situação o maior desafio será reduzir a rejeição de Dilma, que está em 34,4%.

Podemos perceber que Dilma já foi capaz de absorver 5,8 de votos, já configurando um capital político próprio, mas já totalmente imobilizado. Quando estimulados 13,5% dos entrevistados afirmam que só votariam em Dilma. Este percentual pode indicar as pessoas que já sabem que Lula apóia Dilma, mas que ainda não afirmam o voto espontaneamente em Dilma. Este percentual pode vir a crescer até 20,8%, correspondente ao percentual de pessoas que afirmam que só votariam em um candidato apoiado pelo Lula. Portanto, Lula ainda tem capital eleitoral próprio disponível para transferência direta de 7,3% dos votos.

Ausência do processo eleitoral

Variação sem José Serra
Dilma Rousseff 2
Ciro Gomes 7,5
Marina Silva 1,85
Branco/Nulo – Fidelidade 6
NS/NR – Incerteza 4,9


Variação sem Ciro
José Serra 8,7
Dilma Rousseff 4,2
Aécio Neves 6
Marina Silva 2,65
Branco/Nulo – Fidelidade 4,1
NS/NR – Incerteza 2,9


Variação sem Aécio
Dilma Rousseff 1,6
Ciro Gomes 2,8
Marina Silva 1,85
Branco/Nulo -6
NS/NR -4,9

A análise da tabela nos permite concluir que o voto que Ciro e Serra disputam votos diretamente. O cenário sem Ciro beneficia mais o Serra do que a Dilma. No entanto Dilma apresenta seus melhores desempenhos sem o Ciro na disputa. Mas estes números reforçam que a ausência de Ciro da disputa favorece mais a oposição do que o campo governista.

É interessante observar também o aumento de Brancos/Nulos e "Não Sei" com a saída de Serra e Ciro da disputa.

Sem Serra no processo há um aumento de Brancos/Nulos na ordem de 6%, que poderia indicar o seu público fiel, e um aumento de 4,9 de "Não Sei", que poderia indicar o percentual eleitores para qual o candidato seria uma referência. Sem Ciro há um aumento de Brancos/Nulos na ordem de 4,1%, seu público fiel e 2,9% de "Não Sei", eleitores para os quais o candidato seria uma referência.

Por estes números poderíamos supor que Serra possui de 6 a 11% (média 8,5) de capital eleitoral disponível e que Ciro possui de 4 a 7% (média 5,5).

Por esta mesma análise podemos supor que Aécio não tem capital político disponível, sendo o seu totalmente já imobilizado no processo, mas o seu alto grau de desconhecimento pode influenciar na alteração deste quadro.

O capital político de Serra só poderia ser transferido para outro candidato tucano, tornando-o disponível somente para o Aécio. Lula pode transmitir seu capital eleitoral para Dilma ou para o Ciro e este pode transferir tanto para o governo quanto para a oposição. Esta situação confere ao Ciro um peso de equilíbrio no processo eleitoral.

Rejeição e indicação de voto
É interessante também observar que o voto único em Serra e a rejeição da indicação de Lula estão no mesmo patamar, de 16%. Este seria o limite inferior de rejeição que Dilma poderia alcançar. Comparando com a pesquisa anterior podemos notar que tanto o desconhecimento quanto a rejeição de Dilma caíram cerca de 4%. Isso pode significar que um nível maior de conhecimento de Dilma poderia apontar para uma redução de sua rejeição, principalmente se associada a imagem do Lula.

As rejeições ao Serra e ao Aécio estão em um patamar de médio para baixo, 27,7% e 22,8% respectivamente. No entanto a rejeição a uma candidatura indicada por FHC chega a 49,3%.

O cenário é desfavorável para Marina Silva, que está apresentando a mais alta rejeição entre os candidatos, em um patamar de 38%. Marina também perdeu votos para Dilma do ultimo levantamento para o atual, e terá pouco tempo de TV, mostrando que sua candidatura possui severos limites para se viabilizar.

Em qualquer cenário cerca de 27% do eleitorado só votaria em uma indicação conhecendo o candidato. Isso pode apontar a real margem de votos atualmente em disputa. Este número não é muito distante dos 34% de votos disponíveis no mercado após a primeira rodada de distribuição do capital político dos principais atores. Principalmente se levarmos em consideração que não calculamos o capital político de outros atores por falta de dados.

Conclusões
Os 55% de votos disponíveis no mercado após a espontânea mostra-nos que a eleição está muito pouco decidida, e que há ainda muito espaço político/eleitoral em disputa. Ao menos 27% está em disputa, o que poderia alterar substancialmente o quadro atual de 54% de potencial de votos para a situação e 38% para a oposição.

Dilma vem apresentando crescimento constante, e melhorando seu desempenho em um segundo turno simulado, apresentando crescimento de cerca de 3% em comparação com a última pesquisa. Sua tendência de crescimento é contínua e ainda não mostra sinais de estagnação.

Ciro possui individualmente um considerável capital político disponível, apresentando bom potencial para retirar votos do campo oposicionista. Apresenta-se como uma candidatura viável, mas que pode tropeçar no pequeno tempo de televisão e na falta de palanques estaduais fortes.

O melhor cenário hoje para a disputa eleitoral seria uma coligação entre PT, PSB, PMDB, PCdoB, PDT e outros, representados em uma chapa com Dilma e Ciro. Isso garantiria a soma do capital político de Dilma, Ciro e Lula, palanques estaduais fortes e competitivos e um grande tempo de televisão. Este arranjo poderia evitar um segundo turno.

Nesta acomodação, o PMDB ficaria sem o vice, mas com boas condições de negociar posições vantajosas para escolha de candidatos a governadores e senadores. Outro arranjo possível seria uma candidatura própria do PMDB no primeiro turno e apoio à candidatura governista no segundo turno.

Para os tucanos o desafio é grande, pois precisam reduzir a rejeição em FHC. Está fadada ao fracasso uma estratégia de escondê-lo, pois ele é muito conhecido e tem sua imagem muito associada aos tucanos. Além disso os governistas não deixariam isso acontecer, pois explorariam a associação na campanha eleitoral. Os tucanos não terão escolha, terão que defender o Governo FHC para reduzir a sua rejeição.

José Serra é o pré-candidato tucano mais associado à imagem de FHC, e possui uma rejeição consideravelmente mais alta do que Aécio. Seria mais fácil aos tucanos distanciar Aécio de FHC do que Serra de FHC, e sua rejeição menor o coloca em vantagem, uma vez que Serra transfere praticamente todos seus votos ao correligionário. Aécio também seria mais capaz de fugir do confronto governo x oposição, afirmando que o pós-Lula não deveria ser polarizado. As chances de Dilma parecem ser consideravelmente maiores contra Serra do que contra Aécio.

Uma chapa Dilma/Ciro, ou Ciro/Dilma, seria extremamente competitiva, podendo sair vencedora do pleito já no primeiro turno. Seria uma chapa que anularia algumas das vantagens do Aécio, pois Ciro retira votos do PSDB em qualquer cenário. O tempo de TV do PMDB seria muito importante para uma eventual vitória no já primeiro turno, mas caso venha a ter o segundo turno esta vantagem seria minimizada, reduzindo um pouco do poder de barganha deste em favor do PSB.

Altos índices de rejeição de ambos os lados podem possibilitar um acordo em manter a campanha em alto nível. Aécio teria mais condições de fazer uma campanha mais limpa, por ter a imagem menos associada a FHC. Serra poderia apostar em uma campanha mais agressiva, para tentar aumentar a rejeição da Dilma. Este tiro poderia sair pela culatra, caso fosse associada à sua imagem o comportamento truculento, aumentando assim sua rejeição.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A mídia e o jogo do poder

A mídia é um quarto poder? Não é um dos poderes fundamentais da democracia, pelo menos não um dos tradicionais listados por Montesquieu.

No entanto a grande mídia se atribui um papel fundamental para o exercício da democracia. Bem, que estejam então submetidos ao controle popular.

Liberdade de expressão virou bravata e palavra de ordem para exercício claro e inequívoco de poder. A mídia não engana mais ninguém.

Aliás, deveria ser tratada como um participante do jogo de poder democrático, tal qual um partido, já que insiste em agir como tal.

Exigência de diploma de jornalista

é reserva de mercado.

Sejamos sinceros, os jornalistas não são os únicos seres humanos capazes de lidar com a informação de maneira séria e responsável.

Aliás, a grande mídia nos mostra cotidianamente o contrário, que jornalistas formados podem ser tão tendenciosos e manipuladores que chegam a afrontar a inteligência de qualquer um.

Diploma de jornalista não garante qualidade e seriedade no trato da informação.

TV PT

A TV PT está no ar, no par trançado e na fibra ótica. Bem que poderia ser uma TV aberta para dar um pouco de alternativa aos telespectadores. De fato não temos nenhuma TV aberta de esquerda, o que ajuda a tornar nossa mídia nativa monocórdica.

Este vídeo conta por si próprio um pouco da história do PT.

Filme "Lula, o filho do Brasil" - um caso de propaganda gratuita eficaz

A grande mídia e a oposição (são quase o mesmo hoje) estão evidenciado de maneira agressiva e exaustiva um possível uso eleitoral do filme "Lula, o filho do Brasil".

O que estão conseguindo com isso? Dar muito mais visibilidade e audiência ao filme. Ainda não assisti, mas pelos relatos é um filme emocionante e bem produzido. E a mídia está fazendo uma tremenda propaganda gratuita.

Parabéns, muito inteligente a estratégia.

Lucro e sustentabilidade são inversamente proporcionais.

Do Diário de Cuiabá:
http://www.diariodecuiaba.com.br/
Mato Grosso, mesmo sob o efeito da crise do agronegócio, manteve ritmo chinês e registrando a maior expansão do PIB no Brasil

A matéria exalta o crescimento do estado do Mato Grosso como o que mais cresceu no país. Será mera coincidência que o estado também é o campeão de desmatamento? Não, claro que não.

A acumulação primitiva do capital, como já dizia Marx, utiliza a natureza com insumo e capital primevo. As taxas de crescimento possibilitadas pela apropriação privada do meio ambiente gera altos lucros.

Mas obviamente não é sustentável... nem aqui, nem na China. O discurso dos ruralistas sobre a potência exportadora de commodities que transformou o Brasil no "celeiro do mundo" é simplista e falso.

O agronegócio não produz para abastecer a mesa do brasileiro, mas sim para exportar matéria prima para ração animal e para produzir industrializados não consumidos pelo brasileiro.

O lucro e sustentabilidade são inversamente proporcionais. Durma-se com este barulho!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Por um paleolitismo tecnológico ou

Twitticídio, Orkutcídio, Facebookcídio, Gmailcídio ou
Por uma tecnologia sem fetiche.

O desejo profundo de todo ser humano é ser feliz. Varia a crença em como se conseguir tal feito na vida. Cada um busca seu caminho e, sim, de fato existem correntes coletivas milenares e seculares representam estes caminhos.

Como desejam as pessoas? Que mundo nós temos e que mundo nós poderíamos ter? Somos seres desejantes, e nossos desejos constroem a realidade. E se todos os seres humanos desejassem ter um estilo de vida semelhante ao do europeu ou do americano médio, o que aconteceria?

O atual nível euro norteamericano de consumo, turismo, alimentação e uso tecnológico não é possível de ser estendido para o restante da humanidade. E seria desejável? Não haveria rios, céus, mares, terras, e seres vivos suficientes para realizar tal "democratização de acesso" ao estilo de vida da elite ocidental.

Guatarri sugere que a saída possível é uma ecosofia, um aliança entre três ecologias: a ambiental, a social e a dos desejos. Não é viável a realização de uma apartada das outras. Não há equilíbrio ambiental sem justiça social. Não há justiça social possível quando os oprimidos desejam tornarem-se opressores. Não há equilíbrio ambiental possível se as pessoas desejarem para as suas vidas um estilo de vida europeu ou americano.

O elogio da alteridade e o cultivo da diversidade cultural nos auxiliam na manutenção de sonhos distintos, de outros valores. Se outro mundo é possível este mundo é múltiplo. A luta antiglobalização nos ensinou que a diversidade de táticas é uma boa estratégia. Hoje não se sonha só com a vida da elite ocidental, mas devemos admitir que a mídia de massa obteve relativo sucesso em difundir este padrão desejante pela humanidade.

E como a tecnologia penetra nossa vida? Ob observando o mundo tecnológico percebemos nele um mito da tecnologia que absorveu um juízo de valor positivo imanente. A tecnologia povoa as estruturas da mente ocupando lógicas pré-existentes. E a sala dos mitos sempre está aberta para ser povoada por novos integrantes. Entre os mitos estão os heróis, e a tecnologia cada vez mais é cultuada como um herói moderno, que pode salvar a todos das injustiças, do aquecimento global, e de tudo mais.

Hoje a tecnologia e o consumo da tecnologia estão atreladas pelo fetiche. É um fascínio, uma sedução, um desejo incontrolável de ter o último modelo, de usar a última ferramenta web, de pertencer a rede mais emergente, em suma: a necessidade opressiva de estar "antenado". A tecnologia está se transformando em um imperativo moderno, em uma necessidade cotidiana. E o consumo agradece. E o capitalismo agradece.

E da-lhe consumo, venda de celulares, notebooks, softwares e ai-tudos. Troca-se o antigo pelo novo somente para se ter acesso a uma tecnologia da moda. É a hora e a vez do elogio ao novo, já que o mercado vende mais para o jovem. Inclusive quando vende para o velho, vende para o lado jovem do velho. E hoje nossos velhos são cada vez menos respeitados como anciões. Vivemos uma desgeroncratização da sociedade, e nossos anciões são cada vez mais associados a idiotas e os jovens aos heróis.

Vivemos presos ao tempo que rege a sociedade do desempenho. Hoje somos escravos do tempo do trabalho, tempo que tudo rege, ética dominante. Desviante é a preguiça, o descanso, a agenda livre. Produzir é a ética e a estética da sociedade do desempenho. Falamos em sociedade da informação, sociedade do conhecimento, em outras sociedades disso e daquilo, mas não contestamos o paradigma do desempenho a reger nosso cotidiano, a oprimir nossa alma e angustiar nossos dias e noites de sonhos. O desejo de desempenho parece preencher o vazio de sentido da vida moderna.

A ecologia dos desejos clama por menos desempenho, por menos tecnologia. Se fossem estes valores inerentemente positivos a bomba atômica seria uma maravilha para a humanidade - e para a gaia. Desejemos que libertem-se os escravos da tecnologia, do tempo, do desempenho. Que libertem-se os autômatos das postagens diárias, das respostas rápidas, das redes sociais, das últimas notícias e tendências. A sociedade da hipercomunicação ameaça transformar o ato comunicativo de prazer em obsessão.

Desviamos do futuro que não desejamos desejando uma outra vida para os nossos dias. Se desejarmos mal o futuro será um lixo. Inclusive será um mundo ocupado pelo lixo tecnológico. Um convite para pensarmos duas vezes antes de desejarmos um estilo de vida da elite capitalista, consumindo cada vez mais tecnologia, e tecnologia cada vez mais moderna.

Se faz necessário olharmos para a ecologia dos nossos desejos para não nos transformarmos em alienados como produtores, consumidores e usuários de tecnologia. O quanto de qual tecnologia realmente precisamos para sermos felizes? Será que somos mais felizes que nossos antepassados?

Bença Lao-Tsé, Marx, Marx, Levi-Strauss, Foucault, Morin, Deleuze, Guatarri, Hakim Bey, Marcurse, Lafargue, Pimentel e os autores coletivos todos.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O apagão da oposição

FHC, em artigo recente, tenta desqualificar a ação política do Presidente Lula acusando-o de caudilhismo e personalismo, chamado por ele de "subperonismo". Tenta preparar a disputa política de 2010 desqualificando a estratégia da esquerda, ao invés de tentar construir uma proposta alternativa e afirmativa. FHC não percebe, ou não admite, que a atuação da oposição foi tão, ou mais, eficaz para a sua redução que a própria atuação positiva do governo.

A forma revanchista que a oposição escolheu para travar a luta política foi um desastre, e nem o apoio massivo da grande mídia conseguiu salvar a estratégia. Ao invés de construir uma proposta alternativa, a oposição resolveu destruir a credibilidade do governo fiando-se na estratégia Goebbeliana, de repetir cem vezes seu discurso para ver se o transformava em verdade. Foi assim com o chamado "mensalão: acreditaram que, com a ajuda da mídia, conseguiriam derrubar a credibilidade do governo Lula colocando-o a pecha de corrupto.

Não funcionou e, ao contrário, serviu apenas para aumentar a popularidade do Presidente e do governo após a população perceber que a oposição estava exagerando no seu discurso. O que acontece é que a oposição tenta desgastar o governo em qualquer oportunidade, sem avaliar corretamente o impacto sobre sua própria credibilidade caso a "denúncia" não se sustente. Acredita que é suficiente ter a grande mídia como aliada a repetir a suas bravatas para que a população acredite no seu discurso.

Foi o caso do acidente da TAM, e é o caso presente do "apagão". Se a oposição fosse preparada tentaria reforçar sua credibilidade, mas apressa-se em acusar o governo, sem analisar o risco de ser desmentida pelos fatos. A pressa em tentar atribuir a culpa ao governo acaba por inverter o sentido da sua pretensão, pois atualmente as pessoas possuem alternativas para se manterem informadas, e acabam construindo suas próprias convicções, ao contrário de 10 anos atrás, quando eles governavam.

Em suma, o mundo mudou e a oposição ficou parada no mesmo lugar. Ao associar-se a mídia na divulgação de versões como se fossem fatos, ambos perdem credibilidade junto aos chamados "formadores de opinião". Destroem sua confiabilidade tentando criar factóides, demonstrando falta de preparo quando tentam surfar nas ondas de uma pedra jogada na bacia.

Se a oposição, e a mídia, apresentassem posições ponderadas e incontestáveis trariam muito mais dificuldades ao governo e as esquerdas. Se dissessem claramente que o episódio do "apagão" foi uma fatalidade, e não culpa direta do governo, estariam ganhando votos pois ganhariam o respeito das pessoas mais informadas. Quando tentam fazer disputa política disseminando versões tendenciosas, trabalham firmemente para sua diminuição. E estão se mostrando especialistas nisso.

Invertendo o provérbio: com inimigos assim, quem precisa de amigos?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Uniban entrou para história da educação no Brasil

Infelizmente não por formar os melhores alunos, por ter bons professores e pesquisadores, mas sim por ser palco de preconceito aberto e por ter dado um show de desrespeito pelas mulheres.

Show que não se repete na avaliação do MEC, na qual a UNIBAN está entre as últimas colocadas. Inaceitável. O Ministério Público deve agir rapidamente no caso, apurar responsabilidades e punir os agressores da aluna.

E a UNIBAN deve ser severamente punida por discriminação de gênero, após ter expulsado a aluna alegando motimos risíveis.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O tapa de Aécio Neves?

Abaixo três fontes distintas noticiam o "suposto" tapa de Aécio na namorada. O único a dar nome aos bois é o Juca Kfouri. Joyce Pascowitch noticiou como "um dos convidados mais importantes e famosos". O Blogue da Vogue como "político mineiro", e acrescentou "Só se falou nisso...".

Ailton Medeiros (http://www.ailtonmedeiros.com.br/) afirma "duas pessoas, uma delas amiga deste escriba, estavam no Fasano e viram Aécio agredir Letícia Weber. Por favor, não me provoquem."

Aécio e a namorada desmentiram. Confirmar imagino que não iriam. Três fontes noticiando de maneira diversa, inclusive com algumas diferenças entre as versões, parecem indicar que o fato aconteceu, e que a fonte das três notas não foi a mesma, senão a descrição seria idêntica.

Diversos bloques de esquerda atribuiem a notícia a articulações serristas. Isso não isenta Aécio, se o fato ocorreu. O Serra tem interesses na divulgação da notícia, que por enquanto ainda é boato. São estreitas suas ligações de ambos com a mídia, inclusive ambos os governadores são acusados de intimidação de jornalistas.

Ainda paira a dúvida no ar, mas creio que, se "só se falou nisso...", logo vão aparecer testemunhas, mesmo sob possíveis, e prováveis, ameaças. Os indícios me levam a crer que o fato ocorreu. Ainda há o benefício da dúvida para Aécio. O tempo dirá.

Se o fato se confirmar: Lei Maria da Penha. Inaceitável é a opressão de gênero. Inaceitável para políticos e não políticos.

***
Juca Kfouri deu a notícia no domingo, dia 1:
http://blogdojuca.blog.uol.com.br/arch2009-11-01_2009-11-07.html

"Covardia de Aécio Neves

Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais, que luta para ter o jogo inaugural da Copa do Mundo de 2014, em Belo Horizonte, deu um empurrão e um tapa em sua acompanhante no domingo passado, numa festa da Calvin Klein, no Hotel Fasano, no Rio.

Depois do incidente, segundo diversas testemunhas, cada um foi para um lado, diante do constrangimento geral.

A imprensa brasileira não pode repetir com nenhum candidato a candidato a presidência da República a cortina de silêncio que cercou Fernando Collor, embora seus hábitos fossem conhecidos.

Nota: Às 15h18, o blog recebeu nota da assessoria de imprensa do governo mineiro desmentindo a informação e a considerando caluniosa.

O blog a mantém inalterada."

***
Joyce Pascowitch já tinha noticiado algo parecido em 26 de outubro:
http://glamurama.uol.com.br/Materia_nelson-rodrigues-34269.aspx

"26/10/2009 16:30
Nelson Rodrigues
Um dos convidados mais importantes e famosos da festa que o estilista Francisco Costa, da Calvin Klein, deu na piscina do hotel Fasano, no Rio, nesse domingo, acabou estrelando uma cena que deixou todos os convidados constrangidos.

* Visivelmente alterado, ele deu um tapa na moça que o acompanhava - namorada dele há algum tempo. Ela caiu no chão, levantou e revidou a agressão. A plateia era grande e alguns chegaram a separar o casal para apartar a briga. O clima, claro, ficou muito pesado."

***
O blog da Vogue noticiou como "político mineiro":
http://rgvogue.ig.com.br/gossip/2009/10/26/rodopiou+e+caiu+8936962.html

"Rodopiou e caiu...
Namorada de político mineiro leva tombo na festa da Calvin Klein
26/10 por Redação
Só se falou disso... O assunto da festa da Calvin Klein na piscina do Fasano carioca nesse domingo (25.10) foi um pequeno incidente envolvendo um político mineiro e sua namorada. Lá pelas tantas os dois rodopiavam pela pista improvisada quando, catapimba!, a moça foi ao chão. Quem viu garante que o moço em questão não foi solícito o bastante com a loira de vestido branco, que foi içada por solícitos seguranças.

Tão logo se levantou, ela correu para o banheiro, onde se trancou, lamuriosa. Diz que o político ficou um tempinho atrás da porta tentando convencê-la a deixar disso. E ela nada.

Tadinha, né. "

Uniban - uma absurda manifestação de preconceito

Revoltantes as cenas que ocorreram na UNIBAN, e que foram publicadas na internet. Uma aluna foi hostilizada com xingamentos por um grande grupo de alunos, e teve que ser escoltada pela polícia para fora da faculdade por conta da sua maneira de vestir. Sob gritos de "puta" e "vagabunda" a estudante foi alvo de uma manifestação coletiva de preconceito por se vestir de maneira muito mais comportada do que as moças que dançam nos programas de auditório a tarde, nos finais de semana. Na internet circulam relatos que um grupo de estudantes ameaçou violentar a moça. As pessoas que iniciaram e lideraram a barbárie devem ser identificadas e processadas.

Este triste episódio reflete algumas das piores características da nossa sociedade: moralismo hipócrita, irracionalidade coletiva, exposição midiática nociva e discriminação de gênero. Só o fato de "puta" ser uma ofensa já é um absurdo, pois certamente boa parte dos que participaram desta demonstração de "civilidade" são usuários dos serviços prestados por estas profissionais. Vale mesmo lembrar que, provavelmente, este termo é usado por diversos deles para aquecer a relação com suas próprias parceiras.

Foi claramente uma reação de "manada", típica de covardes que se sentem livres na multidão para manifestar sua intolerância. Não existe justificativa para tal ato, e é inaceitável o argumento que os trajes eram inadequados para ocasião, pois presenciamos imagens muito mais erotizantes na mídia e na propaganda, e não lembro de ter visto manifestação semelhante em frente às emissoras, ou dirigida a alguma modelo da alta costura.

O uso da imagem sensual da mulher na mídia revela uma associação direta entre sexo, audiência e lucro, na qual a mulher é vinculada aos objetos de consumo. Uma coisificação das relações sociais que desnuda a verdadeira função social da mídia na sociedade atual: a reprodução ideológica de um sistema brutal de consumo, no qual crianças são alvo de propagandas subliminares e as mulheres usadas promover a venda de produtos para homens através a sua sensualidade.

Mas de fato, o lado mais perverso deste episódio é a discriminação e opressão de gênero. As mulheres devem ser livres para se vestirem da maneira que bem entenderem, sem serem julgadas por qualquer tipo de moralismo, machismo ou pseudo-feminismo. Ninguém pode se arvorar no direito de ditar os bons costumes, muito menos os homens que no seu íntimo apreciaram tais imagens. E, por fim, basta de discriminação contra as profissionais que prestam serviços sexuais. Afinal ninguém imagina ofender outra pessoa gritando em bando o nome que qualquer outra profissão, como: jornalista, jornalista, jornalista...

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