quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Uniban - uma absurda manifestação de preconceito

Revoltantes as cenas que ocorreram na UNIBAN, e que foram publicadas na internet. Uma aluna foi hostilizada com xingamentos por um grande grupo de alunos, e teve que ser escoltada pela polícia para fora da faculdade por conta da sua maneira de vestir. Sob gritos de "puta" e "vagabunda" a estudante foi alvo de uma manifestação coletiva de preconceito por se vestir de maneira muito mais comportada do que as moças que dançam nos programas de auditório a tarde, nos finais de semana. Na internet circulam relatos que um grupo de estudantes ameaçou violentar a moça. As pessoas que iniciaram e lideraram a barbárie devem ser identificadas e processadas.

Este triste episódio reflete algumas das piores características da nossa sociedade: moralismo hipócrita, irracionalidade coletiva, exposição midiática nociva e discriminação de gênero. Só o fato de "puta" ser uma ofensa já é um absurdo, pois certamente boa parte dos que participaram desta demonstração de "civilidade" são usuários dos serviços prestados por estas profissionais. Vale mesmo lembrar que, provavelmente, este termo é usado por diversos deles para aquecer a relação com suas próprias parceiras.

Foi claramente uma reação de "manada", típica de covardes que se sentem livres na multidão para manifestar sua intolerância. Não existe justificativa para tal ato, e é inaceitável o argumento que os trajes eram inadequados para ocasião, pois presenciamos imagens muito mais erotizantes na mídia e na propaganda, e não lembro de ter visto manifestação semelhante em frente às emissoras, ou dirigida a alguma modelo da alta costura.

O uso da imagem sensual da mulher na mídia revela uma associação direta entre sexo, audiência e lucro, na qual a mulher é vinculada aos objetos de consumo. Uma coisificação das relações sociais que desnuda a verdadeira função social da mídia na sociedade atual: a reprodução ideológica de um sistema brutal de consumo, no qual crianças são alvo de propagandas subliminares e as mulheres usadas promover a venda de produtos para homens através a sua sensualidade.

Mas de fato, o lado mais perverso deste episódio é a discriminação e opressão de gênero. As mulheres devem ser livres para se vestirem da maneira que bem entenderem, sem serem julgadas por qualquer tipo de moralismo, machismo ou pseudo-feminismo. Ninguém pode se arvorar no direito de ditar os bons costumes, muito menos os homens que no seu íntimo apreciaram tais imagens. E, por fim, basta de discriminação contra as profissionais que prestam serviços sexuais. Afinal ninguém imagina ofender outra pessoa gritando em bando o nome que qualquer outra profissão, como: jornalista, jornalista, jornalista...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Compartilhar

Share