quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A governabilidade de Dilma não pode ser tiro no pé


Entendemos que a Presidenta Dilma precisa de governabilidade no congresso. Entendemos que se deva fazer concessões às elites para se fazer as transformações sociais possíveis.

O que não entendemos é Kátia Abreu. Por brio, nos recusamos a entender, de fato. Aos que se apressam a defender, sem nem se reservarem ao mínimo um breve luto, deseja-se compaixão.

Mas Dilma não veio à público confirmar Kátia Abreu.

Especular em cima de um nome é o meio mais rápido de derrubá-lo. As críticas aos quase ministros sempre são muito contundentes e ácidas, e os vulneráveis geralmente tombam antes da nomeação.

Se assim fosse Dilma e Lula teriam vacilado ao expor Kátia Abreu às hienas, pois as hienas representam muito melhor eles do que nós, os movimentos sociais.

Tal gesto se assemelha a um sinal de apoio aos 2,5 mil que foram pedir o impeachment na Paulista em um final de semana e um escárnio aos 15 mil que foram na mesma avenida, no meio da semana, apoiar a democracia e a reforma política.

Os 15 mil enviaram um recado.

Um outro recado. Não o que mídia gostaria que a população tivesse mandado para Dilma, aquele dos golpistas, filhos da elite reunidos na paulista para pedir intervenção militar.

Ao recado dos movimentos sociais Dilma não pode fazer ouvidos moucos, senão seu mandado não prosperará. Ficou claro que os movimentos sociais estenderão a mão ao novo governo, e este não pode, em hipótese alguma, manter qualquer distância destes movimentos.

Pelo contrário, deve governar com eles ao lado, diuturnamente, em todos os momentos. Só assim poderá governar como o Brasil precisa. E deseja!

O PMDB já largou Kátia aos leões, dizendo que não entra em sua cota partidária. Se Kátia Abreu foi posta à fritura, eu coloco meu mourão na fogueira. Mas a estratégia foi equivocada, faltou articulação. Ou sobrou Articulação.

Enfim, tomara que caia é o que serve para a ocasião...

Mas é amargo o agradecimento de Dilma ao apoio do MST na reta final das eleições, bem como nas ruas, após as eleições, em resposta aos que queriam seu impeachment.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

O braço esquerdo da Dilma


A postura do PSOL foi importante e simbólica neste 2º turno do processo eleitoral de 2014. O Partido construiu sua candidatura de maneira digna e independente, e seus mais proeminente líderes se posicionaram à esquerda no 2º turno, apoiando a candidatura de Dilma.

Sinal dos tempos. Sinal de maturidade. Não de maturidade de um partido ou outro, mas sim da possibilidade de construção um projeto de esquerda para o Brasil e para a América Latina.

Luciana Genro, Jean Wyllys, Ivan Valente, Chico Alencar, entre outros líderes do PSOL, foram fundamentais para a vitória apertada de Dilma. É o desejo de muitos que este 2º mandato de Dilma (4º do PT) seja o mais profundo de todo os mandatos petistas. E o mais à esquerda.

Talvez se possa ousar um governo mais a esquerda, com obstinação pela correção ética e que promova reformas de base: política, agrária, federativa, e tributária - com taxação de grandes fortunas - entre outras. Além de promover a democratização das comunicações, uma pauta antiga e justa da sociedade civil e movimentos sociais.

Mas o Congresso Nacional, não podemos negar, é formado por uma maioria de parlamentares formados na velha escola de política fisiologista. As esquerdas não conseguem a governabilidade sem alianças com o centro, que possui pauta política dispersa, mas com tendências conservadoras em pontos fundamentais para o aprofundamento de um projeto de esquerda.

Para reunir a força política necessária à promoção destas mudanças, precisamos de amplo apoio e mobilização popular. Porém, não interessa a mobilização popular esquizofrênica, sem pauta comum, sem debate de propostas, apenas uma catarse contra tudo e contra todos. Este tipo de pressão popular é facilmente utilizada pela direita para legitimar seu discurso clamando por "mudanças".

A mobilização social que possibilita o avanço do Congresso Nacional em pautas progressistas é a mobilização politizada, com acúmulo teórico e propostas claras. São os movimentos sociais quem reúnem as condições de conduzir tais mobilizações sociais: sem terra, sem teto, sindicatos, comunicadores progressistas, LGBT, mulheres, negros, etc...

Com pressão popular direta sobre o Congresso o cenário a favor de mudanças pode vir a se consolidar, apesar das imensas dificuldades. Caso contrário, não há chances. Caso os movimentos sociais não promovam as mobilizações necessárias, ou escolham como alvo central da pressão o executivo ao invés do legislativo, as chances de avanços à esquerda são mínimas.

Este processo eleitoral apontou para o fortalecimento de um discurso de cunho fascista na sociedade, e as direitas se uniram para criminalizar o PT, como já haviam feito com o MST, e com diversos outros movimentos e partidos de esquerda durante a história.

Esta criminalização é pauta central da direita há uma década e é fortemente apoiada no discurso de ódio, que não se restringe ao PT, mas se estende aos pobres, nordestinos, gays, comunistas, bolivarianos e esquerdistas de todos os matizes. E o discurso de ódio é um monstro que, quando colocado em pé é difícil controlá-lo, mesmo pelos seus criadores.

É momento das esquerdas se unirem para debaterem seus pontos convergentes e intersecções ideológicas, em defesa de uma possibilidade: da construção de um sólido projeto de esquerda para o Brasil e para a América Latina.

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