terça-feira, 4 de novembro de 2014

O braço esquerdo da Dilma


A postura do PSOL foi importante e simbólica neste 2º turno do processo eleitoral de 2014. O Partido construiu sua candidatura de maneira digna e independente, e seus mais proeminente líderes se posicionaram à esquerda no 2º turno, apoiando a candidatura de Dilma.

Sinal dos tempos. Sinal de maturidade. Não de maturidade de um partido ou outro, mas sim da possibilidade de construção um projeto de esquerda para o Brasil e para a América Latina.

Luciana Genro, Jean Wyllys, Ivan Valente, Chico Alencar, entre outros líderes do PSOL, foram fundamentais para a vitória apertada de Dilma. É o desejo de muitos que este 2º mandato de Dilma (4º do PT) seja o mais profundo de todo os mandatos petistas. E o mais à esquerda.

Talvez se possa ousar um governo mais a esquerda, com obstinação pela correção ética e que promova reformas de base: política, agrária, federativa, e tributária - com taxação de grandes fortunas - entre outras. Além de promover a democratização das comunicações, uma pauta antiga e justa da sociedade civil e movimentos sociais.

Mas o Congresso Nacional, não podemos negar, é formado por uma maioria de parlamentares formados na velha escola de política fisiologista. As esquerdas não conseguem a governabilidade sem alianças com o centro, que possui pauta política dispersa, mas com tendências conservadoras em pontos fundamentais para o aprofundamento de um projeto de esquerda.

Para reunir a força política necessária à promoção destas mudanças, precisamos de amplo apoio e mobilização popular. Porém, não interessa a mobilização popular esquizofrênica, sem pauta comum, sem debate de propostas, apenas uma catarse contra tudo e contra todos. Este tipo de pressão popular é facilmente utilizada pela direita para legitimar seu discurso clamando por "mudanças".

A mobilização social que possibilita o avanço do Congresso Nacional em pautas progressistas é a mobilização politizada, com acúmulo teórico e propostas claras. São os movimentos sociais quem reúnem as condições de conduzir tais mobilizações sociais: sem terra, sem teto, sindicatos, comunicadores progressistas, LGBT, mulheres, negros, etc...

Com pressão popular direta sobre o Congresso o cenário a favor de mudanças pode vir a se consolidar, apesar das imensas dificuldades. Caso contrário, não há chances. Caso os movimentos sociais não promovam as mobilizações necessárias, ou escolham como alvo central da pressão o executivo ao invés do legislativo, as chances de avanços à esquerda são mínimas.

Este processo eleitoral apontou para o fortalecimento de um discurso de cunho fascista na sociedade, e as direitas se uniram para criminalizar o PT, como já haviam feito com o MST, e com diversos outros movimentos e partidos de esquerda durante a história.

Esta criminalização é pauta central da direita há uma década e é fortemente apoiada no discurso de ódio, que não se restringe ao PT, mas se estende aos pobres, nordestinos, gays, comunistas, bolivarianos e esquerdistas de todos os matizes. E o discurso de ódio é um monstro que, quando colocado em pé é difícil controlá-lo, mesmo pelos seus criadores.

É momento das esquerdas se unirem para debaterem seus pontos convergentes e intersecções ideológicas, em defesa de uma possibilidade: da construção de um sólido projeto de esquerda para o Brasil e para a América Latina.

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