terça-feira, 28 de setembro de 2010

Promoção Gato por Lebre: compre Marina e leve José Serra

A democracia moderna funciona como um mercado de votos, gostemos ou não. Com propaganda enganosa, venda casada, formação de cartel e tudo mais. No mercado de votos os meios de comunicação ganham uma força desproporcional à sua função social, principalmente quando se auto-intitulam  como um "meio" e agem em prol de um dos lados.

Imagine se as emissoras começassem a se posicionar em relação aos produtos anunciados. Se, por exemplo, a Globo afirmasse que considera o Nescau  melhor para a saúde do que o Toddy, e fizesse isso como uma opinião editorial e não como um anúncio pago. Seria um escândalo? Pior que isso seria se o veículo ao invés de assumir que faz campanha aberta para um produto, o fizesse de maneira subliminar.

É isso que estamos presenciando nas eleições de 2010, como nas anteriores. A mídia se posiciona de maneira subliminar a favor de Serra, com louvável exceção do Estadão que declarou seu voto. Agora a grande mídia está tratando de inflar a candidatura Marina, usando "escândalos" de maneira seletiva, mostrando os que interessa e escondendo os que não interessa, tática que entre os mágicos é conhecida como truque.

A Marina tem méritos, e muitos, e acredito que ela pode honrar sua história de vida e fazer um jogo político diferente. Mas por enquanto não é isso que estamos vendo. Sua candidatura está sendo usada pela mídia como "laranja" para tentar levar o Serra para o segundo turno. Obviamente não interessa à Marina denunciar este movimento político-midiático, mesmo sendo de seu conhecimento o jogo que está por trás.

A Candidatura Marina perde a chance de se constituir como uma referência diferenciada quando se rende à lógica da política de resultados. Três momentos de sua candidatura denunciam que Marina está fazendo política à moda antiga, apesar de ser vendida em nova embalagem:

1. Afirma que PT e PSDB são iguais, mesmo sabendo em seu íntimo que não são. Se Marina falasse a verdade para o seu eleitor diria que PT e PSDB são diferentes, e que ela considera o PT melhor que o PSDB, como demonstra sua própria carreira política. Alguém acredita que a ela só foi revelada a verdade quando se desfiliou do PT? Igualar os dois é apenas uma tática para ampliar sua fatia no mercado de votos. Assim se iguala a todos.

2. Aproveita-se da onda midiática de denuncismo para beliscar votos de Dilma. Esta atitude revela oportunismo da sua candidatura, mesmo sabendo que poderia ser vítima deste mesmo instrumento de manipulação da realidade. Caso estivesse em 1º nas pesquisas, as denúncias sobre sua gestão no MMA surgiriam com a mesma força que o estrondoso silêncio sobre o caso PSDB-Alstom.

3. Se faz de ingênua sobre o movimento da mídia para inflar sua candidatura. Quer sair com o maior capital político possível destas eleições, mesmo que o preço do aumento de seu capital seja o risco do país regressar ao tempo da privataria. Se Marina se comportasse com altivez denunciaria que sua candidatura está sendo utilizada por setores conservadores para beneficiar seu verdadeiro candidato: Serra. Será que Brizola aceitaria ser utilizado como joguete?

Ao afirmar que a Candidatura Marina faz a velha política e se vende como nova, não queremos atingir a pessoa da Marina Silva, mas sim demonstrar como a lógica política de sua candidatura é a mesma de sempre: vale tudo por votos. É necessário diferenciar a Candidatura Marina Silva da pessoa Marina Silva.

A Marina pessoa poderia se erguer acima de sua própria candidatura, ir além do seu interesse político imediato no mercado de votos, e mostrar que de fato é diferente: não igualar retoricamente PT e PSDB; não surfar na onda de denuncismo da qual poderia ser vítima; e não deixar sua candidatura ser usada pela mídia para vender gato por lebre.

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