terça-feira, 6 de julho de 2010

Oposição sem rumo

A direita conservadora está em crise no Brasil. Os conservadores do país se envergonham de sê-lo, e negam também que são de direita reafirmando o bordão pós queda do muro de Berlim, de que não existe mais direita nem esquerda. No entanto este bordão só é repetido pela direita, pois as esquerdas se orgulham de continuar sendo esquerda.

A antiga vantagem atribuída a direita de ser sempre unida, enquanto a esquerda sempre se divide, talvez não seja mais tão válida quanto foi um dia, pois hoje as esquerdas continuam divididas, mas a direita começa a apresentar rachaduras indeléveis.

Parte do seu público cativo, a elite e o empresariado, estão hoje contentes com o governo de centro-esquerda e não encontram muitas vantagens em continuar apoiando o discurso conservador, pois passaram a acreditar que esses trazem mais risco ao país do que aqueles. Neste movimento muitos políticos de centro foram atraídos para o campo governista com o objetivo de desfrutar das vantagens inerentes.

Com a dificuldade da direita em manter seus quadros e atrair novos, manter a atualidade do seu discurso e tecer alianças, o seu rumo político passou a ser errático e pavloviano: só agem de maneira condicionada a repercussão dos seus atos. E como a grande imprensa é parte integrante da direita conservadora, as repercussões são distorcidas e viciadas, tornando-se uma referência móvel. A grande mídia divide-se entre manter o otimismo da campanha e mandar recados avisando a oposição sobre seus erros gritantes, confundindo-os.

A própria elite política de direita não se junta mais como antes, pois estão envergonhados um dos outros, e isso se torna mais evidente na relação PSDB e DEM, pois o primeiro está obviamente com vergonha do segundo, principalmente devido a corrupção do DF. O PSDB ainda se envergonha do governo Yeda no RS, e os candidatos locais se envergonham de estarem ao lado de um provável perdedor, o Serra. Todos estão se evitando, como evitam o FHC em atos públicos.

A dificuldade na escolha do vice revelou uma grande deficiência na sua capacidade de articulação política. Os "vai e vens" constantes deixam claro que os movimentos são táticos e não estratégicos, e que os líderes políticos da oposição estão perdidos, à deriva. A falta de habilidade na condução do processo é latente, chegando ao amadorismo dar a tarefa ao Roberto Jeferson de anunciar o vice fake Álvaro Dias, que ficou apenas alguns dias como vice. Agora o Indio da Costa (DEM/RJ) foi escolhido para vice, pelo DEM do RJ, para sobrar uma vaga na Câmara para Rodrigo Maia, que corria o risco de ser um cacique sem índio.

A forma desastrosa como foi conduzida a escolha do vice Demo-Tucano antecipa o desestre que seria a articulação política caso fossem eleitos. Em resumo a direita está sem rumo. Não se assume como direita, se envergonha dos seus pares, dos seus governos e das suas bandeiras históricas. Neste momento nem os conservadores se sentem seguros de votar na direita nativa.

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