quinta-feira, 8 de julho de 2010

Serra não registra programa de governo. Impugnação?

O TSE deveria impugnar o registro da candidatura do conservador José Serra, por não ter apresentado as diretrizes do seu programa de governo como exige a regra eleitoral. No seu lugar foram entregues dois discursos proferidos pelo candidato em eventos partidários. A distinção entre discurso e programa de governo é clara e pacífica.

Em um movimento sincronizado a candidatura conservadora e imprensa se esforçam para criar "fatos" favoráveis e esconder o que não interessa. Enquanto o candidato Serra propagandeia que Dilma trocou seu programa eleitoral, a imprensa repercute com estardalhaço o discurso do candidato. No entanto nada é noticiado sobre o fato da candidatura Serra ter descumprido a exigência legal de apresentar o seu programa de governo. Cortina de fumaça, a mesma tática do "dossiê" que nunca existiu.

Em uma sucessão de equívocos, a campanha usa como bordão o preparo do candidato e sua capacidade de planejar, mas não tem sequer um programa de governo a apresentar. O fato demonstra a incapacidade do campo político conservador em elaborar uma proposta política que contenha um projeto de nação para o Brasil.

O País, que almeja assumir um papel de negociador no cenário internacional, mereceria ter uma democracia mais robusta, com debate mais franco e propositivo entre suas forças políticas, para que ficasse clara a possibilidade de escolha entre caminhos políticos distintos. A proposta da centro-esquerda está posta: crescimento sustentável com justiça social; sem propostas próprias o campo conservador, tenta se apropriar da proposta alheia e dizer que é sua.

A ausência das diretrizes do programa de governo do Serra não é um deslise ou uma falha, mas sim um sintoma da doença que atinge a direita nativa: sua redução a um amontoado de caciques com discursos sem propostas, com manobras táticas sem estratégia. A campanha Tucana sinaliza à esquerda e vira à direita. Afirma que vai continuar tudo igual, mas que tudo vai mudar.

Sem programa e sem estratégia, sua tática é arriscada, pois tenta sustentar a candidatura afirmando ao mesmo tempo duas coisas distintas: que o Governo Lula é bom, e que o Governo Lula é ruim. Ao tentar confundir a todos, confunde inclusive os seus próprios seguidores, planta desconfiança entre suas fileiras e os obriga a lançar mão da calúnia e do preconceito como argumento eleitoral.

O campo conservador se acostumou a manter o poder através de truques eleitorais com apoio da mídia. No entanto esta técnica perdeu sua eficácia absoluta, hoje precisam enfrentar um Mister M digital. Os tempos de conforto do exercício do poder absoluto os deixaram mal acostumados e destreinados, e hoje assistem o seu poder tradicional se dissolvendo lentamente, enquanto chafurdam nas redações atrás de um projeto para o país.

Nestas circunstâncias embaraçosas para tucanos e aliados, parece até ser um luxo a candidatura petista ter dois ou mais programas disponíveis para registrar. Por solidariedade poderia emprestar um deles aos tucanos, para tentar elevar o nível do debate político no país.

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